segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Momiji...

... os tons de fogo e dourados que o outono pinta nas folhas dos plátanos. Semana após semana o novembro vai nos oferecendo este espetáculo de cor, a que se junta o movimento, em certos dias de vento. Podemos então observar espirais, mais ou menos conseguidas, de coloridas folhas dançantes, ou o crepitar pelo chão seco, quando o vento se espraia ao longo de um passeio empredado, atapetado de folhas encarquilhadas, férreas e térreas, fábricas de energia que cumpriram a sua missão... nesses fugazes momentos vale a pena fechar os olhos e ficar a escutar... uma sugestão AQUI (plátanos, castanheiros, e tílias no fim da rua), num sábado de manhã, antes das 9h, para evitar a poluição sonora, o apinhar de gente e carros.

É preciso estar atento, tudo isto se vai afinando, a cor e os sons, de uma semana para outra pode-se ganhar em cor, perder no movimento, ou vice-versa, mas depois de passado o ponto certo já não há regresso, só no próximo outono. Tudo isto se vai gastando, e já perto do inverno resta o cavername arbóreo, no caso dos plátanos ficam então expostas as desumanas podas de que são vitimas... varelas espetadas num tronco cheio de tumescências... castrados.

Foto do outono passado (13DEZ2014)

Podemos ir mais além nos sentidos, juntar o paladar e o olfato, fritando e comendo as folhas secas de momiji, como fazem os japoneses, a tempura (fritura) de momiji. Quanto ao sabor só fazendo, podem encontrar a receita AQUI. A técnica da tempura foi introduzida pelos jesuitas portugueses no Japão, com origem em Goa?... resumindo, peixinhos da horta à japonesa :)

Montagem feita com fotos tiradas DAQUI.

Foto do outono passado (22NOV2014)

Para terminar, foto deste outono, mas que revela mais uma surpresa. A árvore é um diospireiro descendente de um que sobreviveu à bomba atómica lançada sobre Nagasaki (Revive Time: Kaki Tree Project). As cores do outono e da esperança.

Foto deste outono (21NOV2015)

Esta árvore encontra-se à entrada do MU.SA - Museu das Artes de Sintra, do lado esquerdo de quem sobe a escadaria de acesso. Não tem qualquer identificação. Soube da sua existência ao ler este ARTIGO.

Resta o mais importante... vens do ródio, vais para o paládio, mais uma volta ao Sol que completas hoje. Muitos parabéns mana :) Esta mensagem foi escrita a pensar em ti e para ti :)

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P.S.




domingo, 22 de novembro de 2015

Ascensão de Maria.

Não foi no dia 14 de novembro de 2015, nem nos dias seguintes, que aconteceu a ascensão de Maria, mas ao longo de uma vida, longa de tudo, coerente na palavra e ação, e na ação na palavra, uma relação biunívoca com a vida, que começou no dia 20 de maio de 1916.

Tudo junto, e cultivado, sem pretenção de maior que não tenha sido o caminho da virtude, podemos hoje dizer, e aproveitando a coincidência das palavras do seu nome com o percurso da sua vida, longeva e resistente como o carvalho, uma pequena pedra de valor (Pedrina), firme e inabalável (Rocha), que cumpriu a sua parte em vida.


As memórias de vó Maria em livro, escritas por ela.

É assim vó Maria, nas palavras que nos deixa, com aquela simplicidade que se basta a si mesmo, sem complicações ou pretensões, direta, quando escreve: apesar de tudo, sou feliz e estou convicta do dever cumprido.


Vó Maria em oração, que se nos oferece...






... Roberta estou oferecendo esta oraçaos com lembrança da vó não estou obrigando a rezar. Só quero dizer que a oração é a fortaleza da nossa existencia. É onde se encontra a paz. Não que agente só tenha paz mas se vier algo que desanime agente tem de olhar para o crucifico de Cristo como ele morreu




Vó Maria sapeca...


Vó Maria bordadeira...



A sua alegria e fé é para mim é um duplo mistério. Não a sua fé em particular, nem a sua ligação com a alegria, e como ela articulou ambas, mas a fé no geral, e aquele mistério de acordar todos os dias alegre, com aquela sensação de ter uma folha em branco para escrever, e sem a angustia de a preencher. Não a ligação entre ambas, que certamente existirá, mas de onde vem a fé?... será um recurso de sobrevivência?... e especialmente a forma como espraiava a alegria, não ostensiva, com uma certa constância e naturalidade, e não foi certamente porque a vida fosse fácil.

É a forma como passamos pelas dificuldades da vida, como as ultrapassamos e o que fica delas: as cicatrizes, os medos, o fechar sobre si mesmo, a desconfiança e a inveja, tudo o que nos torna mesquinhos e amargos, ou pelo oposto, a reagir no excesso quando se tem, ou se promove aquilo que se não teve, e que na abundância, leia-se excesso, se julga encontrar... a felicidade.

É um equilíbrio delicado que a sorte de cada um dita, o destino como se diz, mas também, e muito, a resiliência de cada um, que também se constrói no meio do caos, quer da abundância, quer da escassez. Não é a mesma coisa ter ou não ter um braço, certamente isso altera o curso da vida, fica mais difícil, mas se ficar amargo, fechado, mais dificil ainda fica. Por vezes são esses choque que nos abrem os olhos, e nos fazem superar a nós mesmo, por vezes nem damos por isso, carregamos o fardo... andamos entre o sucumbir e o progredir.

Completou 99 voltas ao Sol, chegou ao elemento químico Einstênio, no dia de... e tantas outras coisas, mas o que importa, e é supreendente, é que são 99 voltas de coerência, é obra. Testemunho dado, dever cumprido.

A...deus vó Maria.

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P.S.
A Solidão dos Moribundos, de Norbert Elias;
Ser Mortal, de Atul Gawande.

domingo, 8 de novembro de 2015

Cinco já passaram.

Tudo gira em torno da temperatura... a do carro, a do corpo, a da Terra... se ela dá sinais de aumentar algo não está bem, é preciso perceber o que está a acontecer e atuar, não deixar chegar ao limite das consequências, irreversíveis ou não.


Onde estão as fronteiras?

Somos cada vez mais, mas com tendência para abrandar, moldados pela evolução cultural, que se vai sobrepondo à biológica. O bem-estar definido e materializado a Ocidente, que usa muitos recursos, de forma cada vez mais eficiente, mas que gasta muitos recursos, transmutados nos mais variados consumos crescentes, efetivados e ambicionados (a oriente e a sul).

Feitas as "contas", e elas já foram feitas em 1972 (The Limits to Growth), e olhando novamente para elas (A Comparison of `The Limits to Growth` with Thirty Years of Reality), dá para perceber que não estamos numa trajetória sustentável. Os recursos que não chegam, a temperatura que aumenta, um novo equilíbrio que se "desenha", e que nos pode ser desfavorável, e não temos outro lugar para onde ir, e como ir. A ameaça é tanto maior quanto maior é a nossa dependência: total, não conseguimos sobreviver fora da Terra.

As alterações climáticas estão a acontecer.

Cinco reequilíbrios já passaram.



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P.S.