sábado, 28 de agosto de 2021

Quando se vai para um lugar descobrem-se outros lugares.

Parece pouca coisa, mas em dois dias e meio consegui juntar entretém, que baralha e diverge ainda mais o mosaico da minha atenção.

Aqui fica o registo cronológico das ocorrências, sendo certo que parti somente com o Projecto de Agostinho da Silva, que não cheguei a reler no local, a Falésia de Argéis e o Bloco do Moinho para identificar, e algum gato maltês que se cruzasse no meu caminho.


A hera aqui se fez árvore estilizada, mas no pensamento é a Cruz, que ainda procuro, e que lhe reforça o simbolismo [ler página 13], no espaço onde se encontra e não foi plantada.


Um único mata-cães perdido no alçado da ala norte, aparentemente fora de contexto por não ser um edifício militar.




Local de abandono e de incúria humana, permite-nos deambular. As pedras aguentam mais tempo que nós; de permeio o orvalho, a bolota, e o crepúsculo em finisterra encerram o dia. FIM DE TERÇA-FEIRA.



O par de azeitonas do zambujo, umbilicalmente ligadas, ficou preso no raminho. O "hibridismo" não foi visto por mim, mas deslindado por mim, com espanto de pequeno milagre. Gravidade, pontaria providencial, e um raminho que facilmente oscila com o vento. São várias incertezas alinhadas no mesmo momento espacial, e aconteceu.


Dei pela falta da pedra, por cima da porta de entrada na alcáçova. Parece recente, e ainda não consegui sequer encontrar referência à sua existência, o que teria escrito, nem quando foi retirada, ou se estará guardada em algum museu.

Esta história é mais divertida!
— Também acho!

Foi assim que respondi ao "repto" de uma criança que passeava com os avós.


Podia ser Bauça ou Agostinho, a liberdade descomprometida. No posto de turismo e na biblioteca constatei um vago desinteresse pelo Agostinho, mas também poderá ser exagero meu por tanto querer. FIM DE QUARTA-FEIRA.



A estante não é de cerejeira, e quem interpelei não se recordava, talvez de nogueira, fabrico inglês, guarda o espólio de Sebastião da Gama, na Casa-Memória recentemente inaugurada. Dito assim, e não sei porque fechei a mão, como quem guarda um segredo para si, nem parece que foi dia de comunhão.




As fitas e a fita que marcam o percurso terreno, e que me comovem como relíquias de um homem bom. Por fim a sugestão que não fiz no momento: folhas, postais, o que quer que seja com poemas, que permita a apropriação do poeta pelos visitantes, potenciais leitores, apreciadores, divulgadores.

Na replicação da vida sempre acontecem surpresas, a mera substituição apenas permite que o indivíduo cumpra o seu desígnio para o fim comum.




Almoçando, a minha atenção foi desviada para a mesa contígua onde se falava francês. Um rosto português que conhecia de algum lugar, o outro seria francês pelo sotaque, conversavam, mas a dado momento apercebi-me que existia uma alternância inesperada e fluida entre estas duas língua, nem sempre sequencial, trocando até de língua materna. Por vezes o falante francófono também utilizava o castelhano, como que um bailado de línguas. Existia plácido entendimento entre ambos, lindo de se ver e escutar.  A dado momento o falante francófono, exprimindo-se em português, disse:

Quando divides sempre há problemas... o que sobra, o que resta...

No dia seguinte veio-me à memória, era o apresentador / autor do programa Fotobox na RTP, estava encontrado o Luiz Carvalho. Ainda especulei sobre o outro interlocutor, talvez enólogo na Quinta da Bacalhôa, mas sem resultado. FIM DE QUINTA-FEIRA.

Outro habitué de Sesimbra foi João dos Santos, AQUI evocado pelo seu amigo Agostinho da Silva, e nos testemunhos recolhidos neste DOCUMENTÁRIO.

Nos cafés de estrada, Cubano é a marca mais publicitada, não conhecia, descobri depois que pertence ao Grupo Nabeiro. Não tenho opinião quanto ao paladar, porque não gosto de café, mas fiquei a conhecer as outras marcas.

Três dias que não passaram rápido, preenchidos e tão diferentes do que faço no dia a dia, sem noção do dia da semana, apenas o compromisso de tomar o pequeno-almoço às 8h30. Plena fruição que contrasta com "o que andas a fazer?"