domingo, 26 de abril de 2015

Vinte e cinco de abril revisitado.

No caderno de uma criança de 7 anos os desenhos marcam o antes e o depois. O mar com e sem peixes,  o navio sem ou com armas, as "fosas armada". Um intervalo de mudança de 49 dias. Clicar na imagem para melhor visualizar os desenhos.


18 de abril de 1974      25 de abril de 1974      6 de junho de 1974

Os adultos esses dividiram-se entre duas mãos: confiar ou não no individuo, o coletivo que é mais do que a soma dos individuos, o mundo perfeito e o mundo possível, a verdade ideológica e a verdade que se procura, as certezas e as dúvidas, idealistas e pragmáticos. A construção de uma democracia com todos e para todos, que por si só não garantiu a criação de riqueza e a ascensão social baseada no mérito. O presente que se foi alimentando à custa do futuro.

Consensos a duas mãos sobre o que é verdadeiramente importante para o nosso futuro continuam a ser precisos, verdadeiramente nunca aconteceram. Temos de abandonar definitivamente uma certa ideia paternalista de estado, a quem estamos sempre a pedir que cuide de nós, e que ao mesmo tempo repudiamos sempre que este não nos convém, e a desculpa é sempre a mesma: o mal dos outros desculpabiliza as nossas falhas, legitima os nossos comportamentos incorretos e anestesia a nossa consciência, mas não é assim, nem pode ser assim. O mal só se corrige com o bem.

Direita e esquerda, as duas mãos, sem caprichos ou presunções.

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P.S. A cada dia que passa a primavera está cada vez mais esplendorosa, cores e cheiros, um encanto que faz bem. Os jardim botânicos esperam-nos, porque não visitar, não é preciso deixar de ir ao centro comercial, é experimentar passear no jardim, complementar, abrir o leque de escolhas, de vivências, e contribuir assim para uma melhor qualidade de vida.

As minhas sugestões, para quem está em Lisboa, são:

terça-feira, 21 de abril de 2015

Folha de presenças.

Completa-se hoje a primeira volta ao Sol deste blogue, dois pontos de insignificância.

Tentei chegar a cada um de vós, por mim convidados, menos um, através de 
interesses comuns, ou próprios, do meu conhecimento ou pressentimento, desafios e surpresas. Depois de os encontrar escolhi a palavrao SUBSTANTIVO que abre a janela, literalmente.

Mais ou menos conseguidos, vocês melhor o sabem, esta lista andou comigo nos últimos dias, escrita e reescrita várias vezes. Nomes iguais não serão problema, saberão encontrar o vosso SUBSTANTIVO.

Tive cuidado convosco, por isso posso dizer que é um presente meu para cada um de vós e que não se esgota numa relação biunívoca, podem e devem saltitar entre todos eles. A sugestão da palavra é minha, o verbo é vosso.

Bem-haja a todos vós.

Ana......... POETAS;

Cármen...... INCONJUNTOS
Clayton..... ARITMÉTICA;
Danielle.... VOLTAS;
Donsila..... FOLHA;
Fernando.... ATIVIDADE;
Francisca... AZULEJO;
Incógnito... NADA;
Inês........ ORIENTE;
Jorge....... ALFARRABISTA;
José........ PAISAGENS;
José........ BONANZA;
José........ AMÊNDOA;
Luís........ PPLWARE;
Manuela..... ÁRVORE NÓMADA;
Manuela..... RAPÉ;
Osvaldo..... TOUR;
Patrick..... BE-DOM;
Paula....... COMPORTAMENTAL;
Paulo....... AGOSTINHO;
Paulo....... PASSAPORTE;
Roberta..... METADE;
Samuel...... HAIKU;
São......... ABOVE AND BEYOND;
Tiago....... DRAVE;
Vasco....... PESQUISA.

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P.S. Donativo AIS;
     Donativo Wikipédia;
     The Generous Billionaires Club.

domingo, 12 de abril de 2015

Experiências.

Fazer um CD só com diferentes versões da mesma canção:
  1. Escolher a canção, no meu caso Mr. Bojangles. Grandes clássicos e exitos têm maior número de versões. Para facilitar a vossa escolha podem procurar na "List of songs considered the best" ou na "List of best-selling singles";
  2.  Procurar no YouTube as diferentes versões;
  3. Converter o audio do video para MP3, utilizando o serviço online do YouTube mp3, e gravar o resultado da conversão numa pasta do computador;
  4. Gravar os ficheiros MP3 num CD audio, utilizando o software disponível no vosso computador. Encontram AQUI a explicação de como fazer.
Depois é só ouvir, no meu caso no carro, enquanto conduzo, descobrir e redescobrir, comparar, a ordem de preferência que se vai alterando, aquele pequeno detalhe que torna aquela versão tão especial.

Mr. Bojangles cantado pela Nina Simone continua insuperável... a voz, a cadência, aquela pausa avassaladora (ocorre ao minuto 3:49), como o levantar da minissaia pelo vento.

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P.S.

Straight

A vida quer-se...

Pensa s...

arrisca a palavra...
sim é s...

Anda s...

arrisca s...
sim é s...

Vive...

Vá lá...
preciso dizer outra vez?

Sem complicações
Parece publicidade,
mas não é
É straight.

A palavra começa com um esse, depois mais esses e mais esses, são os esses dos dias que correm, e não param, meandros de um rio, o teu, mas não percas o norte, simplifica, atém-te ao essencial, não é sul, é norte, ou então faz do sul o teu norte, é só mudança de referencial, mas não percas o norte. Não percas tempo com o esse passado embrulhado no esse presente, senão o que acontece ao futuro? Pega nas duas pontas do esse e estica, tens o straight, é fácil!... mas está difícil... mas não desistas!

Nasceu assim.
Dou por mim a imaginar tudo isto no espaço... tem a forma de uma hélice... sim a forma helicoidal do DNA. Do micro ao macro a essência está lá, e tu queres subir ou descer?

domingo, 5 de abril de 2015

Tecedeira de anjos.

Foi surpresa e choque, não era o que esperava encontrar, ao final do dia, quando planeava o meu "assalto" ao Castelo de Leiria, razão principal da minha visita. Um imenso painel de azulejos, a lembrar Paula Rego no traço, cores e figuras desconcertantes, e olhei para a placa...


Rota d'o Crime do Padre Amaro

sinistro... duas palavras contrastantes que desde logo me inquietaram: a tecedeira, que evoca as moiras da mitologia grega, que fabricavam, teciam e cortavam o fio da vida, e os anjos, crianças inocentes, neste caso indesejáveis... uma mortal teia de aranha... brutal.

A pintura que deu origem ao painel de azulejos está AQUI, a artista é a Silvia Patrício, e não deixem de ouvir a respetiva sonoplastia.

Para aliviar o resto do dia, e acreditem que fiquei "pesado", terminei a releitura de "O Culto do Chá" de Wenceslau de Moraes. Não sei porque o trouxe comigo, mas ainda bem que o trouxe. É um livro lindo, na escrita e no grafismo, do qual gostaria muito de ter um exemplar da primeira edição: páginas de papel japonês, impressas numa só face, presas por fios de seda... uma teia de encantos, e logo eu que não sou dado a estes preciosismos, de ser ou não ser primeira edição, mas abro aqui uma exceção, por esta razão. Se um dia tiver de me desfazer de todos os meus livros, certamente não acatarei a "ordem" em relação aos do Wenceslau... e do Sebastião... fazem parte de mim.

Mas a teia continua, com a primeira fábrica de papel conhecida em Portugal (1411), e o primeiro almanaque editado em Portugal (1496), ambos em Leiria. Mais tarde descobri que Tokushima, cidade onde viveu e está sepultado Wenceslau de Moraes, é a primeira das cidades geminadas com Leiria (5 de setembro de 1969, culminar de um processo que se iniciou em 1967).


Fonte: Associação de Amizade Portugal - Japão

Reparem nos corvos do brazão de Leiria (vem logo à memória os corvos de Lisboa, no mar, estes em terra), e a lenda associada, ou a forma estilizada do brazão de Tokushima, parecida com a que vi numa armadura japonesa no Museu do Oriente (que me impressionou precisamente por ser uma forma estilizada, moderna, num objeto antigo... dissonante, intrigante).



O passado que se projeta no presente, mas que deixa o futuro em aberto, não deve pesar, mas libertar (ultrapassar). Apesar dos males do nosso mundo, os que vêm de trás, e os que criamos, vamos progredindo, a nudez da verdade vai criando o seu espaço, o que nos liberta. Não quero tecedeiras de anjos.

A estória  que marca o dia é a "tecedeira de anjos",  no corpo fica a alegria de calcorrear o Castelo de Leiria, com o livro do Korrodi na mão (Estudos de Reconstrução do Castelo de Leiria, Zurique, 1898). Roteiros há muitos, normalmente tenho os meus, mas nada que supere estes acasos que se nos oferecem. Há que não desperdiçar :)


Castelo de Leiria. Pátio interior e Paços Novos, vistos da Torre de Menagem.


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P.S.

Do tempo dos mouros (ou moiros), diz o povo, à falta de melhor explicação, o que está perdido no tempo, envolto em mistério, sobrenatural, herança árabe talvez, mas que afinal é bem mais antiga, como podem descobrir aqui: Portugal, mundo dos mortos e das mouras encantadas, vol. I, II e III.


O livro "O Culto do Chá" "nasceu" em Uji: a terra do chá. Na forma de ilustrar temos no primeiro o "impressionismo do pincel", e no segundo (é um artigo) "a veracidade da placa sensitiva". Assim o quis Wenceslau, não vale a pena amputar como fizeram nesta edição ao não colocar as fotos que Wenceslau escolheu para ilustrar o artigo (não há desculpa, mesmo sendo uma edição de bolso).


Os lugares por onde andou Wenceslau no Japão (Kobe, Tokushima, Uji...); Tanegashima o local do primeiro encontro entre portugueses e japoneses, e Nagasaki, cidade iniciada pelos portuguese no Japão. Tóquio é o referencial.




A grande ponte: Armando Martins Janeira.