domingo, 19 de julho de 2015

O casamento de Sebastião...

... da Gama.


Foi no princípio dos anos 90 que descobri Sebastião da Gama, através de um memorial que existe no Portinho da Arrábida, antes de chegar à curva apertada que leva à entrada do forte, e da qual se vislumbra uma bela vista sobre a baía do Portinho.

Não sei se foi nesse dia, provavelmente não, que ouvi pronunciar a uma jovem turista italiana para o seu acompanhante, olhando para a baía, mais ou menos no local onde está o Sebastião na foto: guarda que bella...


Sebastião da Gama O Poeta Ingénuo - Revista Flama N.º 1057 de 7 de junho de 1968_P18-19

Hoje fui ver o Diário, e encontrei a data em que este episódio aconteceu: 14 de agosto de 1994. Os livros são o meu hábito, e neles anoto o que me marca. Já lá vão 21 anos.

E foi o princípio da entrada do Sebastião na minha vida. Na segunda-feira, de regresso do trabalho, passei por uma livraria, talvez a Castil do Fonte Nova, procurei o que tinham sobre o Sebastião, e a minha descoberta começou pelo Diário... continuou com Serra-Mãe, onde se encontra o Pequeno Poema, que também consta no memorial do Portinho da Arrábida, e foi crescendo e continua comigo, para sempre até que chegue o fim. O primeiro presente que ofereci à Roberta foi, como não podia deixar de ser, o Diário de Sebastião da Gama.

Quem foi e o que fez Sebastião da Gama podem descobrir aqui, neste pequeno resumo feito pela sua esposa, Joana Luísa da Gama (o melhor será gravar o ficheiro para o vosso computador e imprimir, e não esqueçam de ler as notas).


Pequena biografia de Sebastião da Gama, in Estala de Saudade o Coração, de Joana Luísa da Gama, 1.ª edição de 2013_COM_NOTAS

Toca-me, muito, o exemplo de vida do Sebastião, simplificando: gostar da vida, da natureza, das pessoas, não se deixar abater pelas agruras... e tudo isto se consubstância na sua poesia clara, sentida, solar, vivida.

Um exemplo, o seu casamento...


... e casei-me de ramo de alecrim!, in Estala de Saudade o Coração, de Joana Luísa da Gama, 1.ª edição de 2013


Sebastião da Gama O Poeta Ingénuo - Revista Flama N.º 1057 de 7 de junho de 1968_P21

E segue pela poesia... é para ler Manuela e Tiago :)


Poema Sinal de Sebastião da Gama, in Pelo Sonho é Que Vamos, 2.ª edição de abril de 1971

aqui a explicação do poema... é para descobrir Manuela e Tiago :)


«Sinal», in Estala de Saudade o Coração, de Joana Luísa da Gama, 1.ª edição de 2013

E isto tudo tem a ver, é o dia do vosso casamento :) 

Era para mudar o cabeçalho do blogue, mas continua, tem tudo a ver :)

Momentos importantes o Sebastião está sempre presente, tem tudo a ver :)

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P.S.

domingo, 12 de julho de 2015

No rasto da cruz.


É um seguimento de mensagem anterior, e o porquê da escolha das fotos da cruz, com tanto tema de interesse numa visita ao Palácio da Pena. De certa forma foi um acaso premeditado, dei de caras com ela ao ler o meu livro (Monografia do Parque da Pena - Estudo Dendrológico-Florestal de Mário de Azevedo Gomes, 1.ª edição 1960) "torna-viagem" (fica para uma próxima mensagem a explicação deste termo, e a estória a ele associado), enquanto aguardava a entrada no palácio, e que podem ler de seguida (clicar nas duas imagens seguintes e ler o que está marcado a verde):




Provavelmente quando se chega ao palácio não damos por ela, mas está lá, aconteceu comigo no passado, até ao dia em que li, e por acaso estava perto para confirmar. E assim surgiram as fotografias da cruz.

Toda a envolvente sobrecarregada, eclética, não facilita, é o desnorte total, e depois aquela ansiedade de fotografar tudo, acabamos por não ver nada. Com o tempo fui aprendendo, há que desfrutar o lugar e o momento, não ter a pertensão de "ver" tudo, e se um pormenor nos chama a atenção porque não demorar um pouco mais. Tudo fica mais facilitado se pudermos voltar, ou pelo menos ter isso em mente. Se não puder ver tudo hoje voltarei outro dia, hoje tenho uma determinada sensibilidade e ou interesse, amanhã terei outra. Nas palavras do Professor José d'Encarnação a visita fica assim:



Sintra, a sedução e o mistério_José d'Encarnação_Palácio da Pena_P25
Sintra, a sedução e o mistério_José d'Encarnação_Palácio da Pena_P26-27

Em cima do acontecimento, e nos dias imediatamente subsequentes, no deslumbramento, é natural que queiramos saber mais, no meu caso ler e pensar sobre o assunto, estabelecer ligações, e assim se abrem novas janelas. Por exemplo a nota (1) levou-me este sábado ao Cemitério dos Prazeres, e no domingo de manhã a procurar, nos meus postais, livros e fotografias, a Cruz Alta. Eis parte do que encontrei:


A seta vermelha aparece no postal, não sei qual o significado. Observem a cruz gateada (ler texto inicial marcado a verde).


Mosteiro, Palácio e Parque da Pena na Serra de Sintra_Tude de Sousa_1.ª edição 1950_P78-79

Mosteiro, Palácio e Parque da Pena na Serra de Sintra_Tude de Sousa_1.ª edição 1950_P80-81

Roteiro lírico de Sintra_Oliva Guerra_2.ª edição 1967_P26-27


As minha fotos da Cruz Alta, tiradas em agosto de 2009.




Nesta descoberta, o jazigo da Condessa d'Edla, projeto do arquiteto Raul Lino, foi a grande surpresa. Pela originalidade do jazigo em si, não há outro igual no Cemitério dos Prazeres, um pedaço da Serra de Sintra, feito de um amontoado de granitos, ladeados por dois cedros e uma giesta atrás, e no topo a cruz, que foi o meu pretexto da visita. Melhor sorte teve Ferreira de Castro, que na Serra está sepultado; sorte que também gostaria de ter, nu na terra, renascido em árvore, perdido para sempre. Se todos fizessem o mesmo seria complicado arranjar espaço na Serra... uma grande confusão/poluição. Cremação é mais "higiénico", mas tenho as minhas dúvidas. A outra surpresa é o cemitério em si, tem um museu, que ainda não visitei (voltarei certamente), mais acasos em que tropeçei, e uma bela vista sobre o Tejo. Esta primeira visita foi estonteante. Tenho que voltar, ficou tanta coisa para ver e pensar. E como será no inverno? Ontem não foi deprimente.





Falta juntar uma terceira cruz, esta por minha iniciativa e curiosidade. Está na Igreja Matriz de São João das Lampas, concelho de Sintra. Mais tosca e desgastada, revela no entanto a mesma forma entrelaçada, simples e não dupla, e encontra-se numa igreja que tem um pórtico manuelino. Será a mais antiga de todas, e a precursora deste tipo de cruz? Ou será uma cópia saloia (popular) de uma antiga cruz manuelina? Tentei encontrar fotos e ou gravuras antigas da igreja para ver se aparecia a cruz, bem como gravuras do Mosteiro de Nossa Senhora da Pena de Sintra, mas não encontrei... por agora.





Falta por fim olhar para a cruz, a sua forma e o seu significado. São dois pares de cordas/troncos/ramos entrelaçadas, seguras por cravos, dispostos de forma não simétrica, ao sabor das necessidades. Será interessante tentar reproduzir a forma usando cordas, o que ainda não fiz, e tentar perceber as dificuldades na sua concretização e o fluir da forma. Qual o seu significado?... inventando, intuindo: vidas entrelaçadas, as duas faces, dores cravejadas, tudo isto nos mantém de pé... por enquanto (a explicação). Tentem a vossa, e tentem fazer a cruz com cordas.

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P.S.




DISPERSOS:

domingo, 5 de julho de 2015

Procuro Conselheiro Segurado.

PROCURO
Conselheiro Segurado


Nome completo, data e local de nascimento e morte, o que fez de relevante na vida e qual a sua ligação a Sintra, para além de ter nome de rua na vila, que fica AQUI. Juntar todas as fontes consultadas, bem como imagens do Conselheiro, ou com ele relacionadas (se existirem).

DOU RECOMPENSA

Almoço para uma pessoa, em restaurante a escolher, de comum acordo, no concelho de Sintra, com o autor deste blogue. As respostas devem ser enviadas por e-mail para melancoliacomum@gmail.com, até 30 de setembro de 2015. Ganha o prémio quem primeiro enviar a resposta correta, que será publicada neste blogue, no seguimento desta mensagem.

Por esta rua tenho passado, e continuo a passar, várias vezes por semana, ao longo dos anos, descendo (só tem um sentido de trânsito), pois raramente faço o percurso a pé, mas só há cerca de dois anos olhei para o nome da rua, e fiquei curioso em saber quem seria o Conselheiro Segurado. Fácil pensei, quando chegar a casa o Google terá a resposta, mas tal não aconteceu. O nome da rua aparece facilmente, em várias entradas, mas nada que me possa levar a descobrir quem foi o Conselheiro Segurado. Tentei várias combinações de palavras, com ou sem aspas, com sinal de mais entre palavras, juntar palavras relacionadas, por exemplo, monarquia, séc. XIX, Eça de Queirós, D. Carlos, e finalmente outros motores de busca, mas não consegui nada de relevante. Também pesquisei na minha biblioteca e na Hemeroteca Digital, e nada, continuo sem saber quem foi o Conselheiro Segurado. Eis a razão de ser deste PROCURO.

É uma rua curta e ingreme, que começa na Praça da República, perto do Hotel Tivoli, no local existiu o Hotel Nunes, que foi demolido para a construção deste. Ainda me recordo da sua construção, e o estilo kitsch, tipo pato-bravo, que perdura, e as eternas ruínas do Hotel Netto, que marcam o início desta rua. Movimentada, turistas e gente jovem, pois no seguimento desta, a Rua Soto Maior (Sotto Mayor), podemos encontrar um estabelecimento de hospedagem, a Casa de São Miguel Guest Houseum hostel, o Nice Way Sintra Palace, e uma unidade de turismo de habitação, a Casa Miradouro, bem como uma escola (fechada?), uma casa em ruínas (mais uma), que também foi uma antiga escola, e um chafariz.

Mas a Conselheiro Segurado tem os seus encantos, como esta vista, no final, descendo e olhando para a esquerda...

Quinta da Regaleira como centro, uns passos em frente e temos a Quinta do Relógio,  uns passos subindo a Villa Roma. Tudo pertinho, mais do que na foto transparece.

que está lá, mas sempre diferente consoante a hora ou a estação do ano, e o passar das gentes, mais efémero e diverso, que suscitou breves e desajeitadas palavras...

VESTIDINHO DE VERÃO

Em corpo feito, delicado,
cintado.
Às bolinhas ou com florzinhas,
arejado.
Fundo claro ou escuro,
na tez combinado ou contrastado.

Lindo, linda, lindas.

Se o perfume passa perto,
é momento de sublimação,
senão, fica só na imaginação.

16/9/2014 Pela manhã, descendo-subindo a Conselheiro Segurado.

E assim se faz a minha Conselheiro Segurado, estreita e sombria, entre o kitsch à esquerda e a ruína à direita, difícil, mas também alegre e jovial, com rasgos de luz e horizonte, e onde a beleza acontece, improvável, mas acontece.

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P.S. Ontem, "À noite em Sintra", tive, tivemos, a vossa companhia MCBG (junção das primeiras letras dos vossos nomes), um pedaço de dia/vida bem passado. É o que fica e o que importa.

A cruz perdida na multidão.
A cruz sozinha na multidão.
A sombra, cavaleiro na imaginação.

Quem conhece gosta mais, e com outro sabor, para vós MCBG :)