sábado, 28 de fevereiro de 2015

A insatisfação de Grey.

Traduz-se num rating de 4,2 na IMDB, provavelmente porque os espectadores estariam à espera de mais, há erotismo, não há pornografia, o que se compreende num filme para M/16. Livro e filme são patamares diferentes. Tudo o resto é banal, com os clichés adaptados à estética do nosso tempo. A banda sonora é muito agradável (destaco 15, 5, 12, 1, 3, 11, 7 e 16).

Temos o contraste da beleza virginal, naïf, explendorosamente nua, não é preciso inventar mais nada, e a busca do prazer, numa insatisfação permanente: mais e mais... não chega, vamos pela dor e submissão. Como comer pastéis de nata e não ficar satisfeito, e querer prolongar o prazer... e voltar a comer, e voltar a comer, até à exaustão, depois vomitar, para poder comer mais... é um pouco a insatisfação do nosso tempo, o prazer na simplicidade que se perdeu. Não se escreve melhor só porque se tem um MacBook, e ele aparece no filme, ou se comunica melhor só porque se tem um iPhone, também não se é mais feliz só porque se tem uma overdose de prazer. Se estás insatisfeito procura primeiro dentro de ti porque estás assim, e acrescento, procura pela simplicidade, no fluir do tempo, sem pressa ou excessos, porque a vida é breve. Paradoxal?

Para que os limites possam ser superados, a dor para além da dor, na busca insana do prazer, cria-se o artifício "amarelo" e "vermelho" (têm de ver o filme para perceber), em que ardilosamente se dá ao outro o poder de controlar o seu próprio limite, e assim se superar, que é o objetivo de quem verdadeiramente controla, ir além do limite, é como ir ao supermercado e levar a lista de compras, pensando que só iremos comprar o que lá está, o que nunca acontece.

Por acaso/coincidência tinha lido/relido o texto de Ingrid Bloser Martins sobre Wenceslau de Moraes e Armando Martins Janeira, que tem muito a ver com a forma como fiz a leitura do filme.

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P.S.1.

Senti falta do Notepad (estou a pensar no editor de texto) comandado pelo meu cérebro, no qual os meus pensamentos fossem escritos e no final guardados no computador (ainda está por inventar), sem ter de me levantar de madrugada e sentir o desconforto do frio à medida que o corpo arrefece. No impasse, levanto, não levanto, um turbilhão de ideias me ocorrem sobre o filme, mas já passaram, fiquei no quentinho. O que ficou e ruminei está aqui, por isso gostei do filme. A insatisfação faz falta, mas não a de Grey.

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P.S.2.

EXPLÍCITO

Eu estou dentro de ti
Tu estás dentro de mim
É tudo...
E é tão bom...

Nasceu assim.

domingo, 8 de fevereiro de 2015

Democracia, crescimento e... vacas.

Delegamos o poder em alguém, uma escolha feita, a maior parte das vezes de forma inconsciente, como quem preenche um boletim de Totoloto, ou escolha clubística, que não se muda, e normalmente o resultado sai caro. É uma demissão-omissão, com tiques paternalistas (o estado tem de cuidar de nós), praticada por muitos, alguns até se acham progressistas.

A democracia incensa o eleito, cobre todas as suas incompetências, e assegura por si só o bem estar material (ideia falaciosa). Se alguma coisa correr mal assume-se a responsabilidade política, pode até demite-se, e no fim fica tudo bem, para o eleito. Só que a incompetência e as asneiras, partindo do pressuposto de que não existem seres mal-intencionados, normalmente tem custos em termos de recursos desperdiçados, e sempre aparece uma conta para pagar. É aqui que entra o crescimento.

Crescer, criar riqueza, é fácil, como se fosse possível isso acontecer de um momento para o outro, e sem limites. Não só nada pode crescer de forma indefinida neste mundo finito (há limites ao crescimento), como leva tempo, por isso é melhor pensar duas vezes antes de começar a delapidar recursos.

Primeiro desperdiça-se, depois aplica-se o penso rápido do crescimento, e voltar ao início. Só que não é assim, o mundo real ai está para o relembrar... atrasar.

Supondo que temos uma manada de vacas leiteiras, e que deixamos morrer algumas por nossa incúria, para repor a capacidade de leite entretanto perdida não basta dizer vamos criar mais vacas, porque o que se perdeu leva tempo a repor. Até que isso aconteça vai haver menos leite, alguns não dão por isso, mas a maioria vai ter menos, ou nada. É o tempo das vacas magras.

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P.S.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Economia...

de recursos, de competências, de necessidade.
Foi este cartão que apareceu na entrada do prédio onde moro. Alguém o deixou em lugar visível, no cimo das nossas caixas de correio. Um único cartão, improvisado, reciclado, publicitando um serviço.

Será António o primeiro nome?
Termina com "Guarde Por Favor".
Cruzado atabalhoadamente no verso, o que não interessa.



E guardei.
O António faz pela vida.
Naïf, limitado?... tem vontade.

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P.S. Guilhas, passas a ser, oficialmente, um teenager. Deixas o magnésio, entras no alumínio, e já está, mais uma volta ao Sol que se completa :)

"Filosofias" neste tempo, e nos que se seguem, pouco importam, é como contemplar a garota de Ipanema, está tudo lá, e está tudo dito :)
Atitude rapaz, atitude :)