domingo, 31 de março de 2024

Ao volante da Mercedes pela i cê dezanove...

O tempo passado nela é trégua, senão houver impedimento no escoar, não anda mais do que certa velocidade, é certo este meu pedaço.

Se estou aflito, vou pensando na ordem a colocar, mas existe sempre céu e serra a observar, mas não dá para pensar.

O regresso faz-se no sentido inverso ao do poema.


Acabou-se por hoje o stress, sabe bem o cansaço à chuva e à noite...


Sobram os pensamentos, e vem de novo o poema...


Ao volante do Chevrolet pela estrada de Sintra,
Ao luar e ao sonho, na estrada deserta,
Sozinho guio, guio quase devagar, e um pouco
Me parece, ou me forço um pouco para que me pareça,
Que sigo por outra estrada, por outro sonho, por outro mundo,
Que sigo sem haver Lisboa deixada ou Sintra a que ir ter,
Que sigo, e que mais haverá em seguir senão não parar mas seguir?
Vou passar a noite a Sintra por não poder passá-la em Lisboa,
Mas, quando chegar a Sintra, terei pena de não ter ficado em Lisboa.
Sempre esta inquietação sem propósito, sem nexo, sem consequência,
Sempre, sempre, sempre,
Esta angústia excessiva do espírito por coisa nenhuma,
Na estrada de Sintra, ou na estrada do sonho, ou na estrada da vida...


E vai-se repetindo, até quando?...

domingo, 24 de março de 2024

Volúpia!...

 


O breve comentário no WhatsApp, "postagens de primavera", afinal dizia tudo,  mas persisto no carácter voluptuoso da paisagem, mais tons pastel do que aguarela, mas também os reflexos e ondas de movimento, a figura frágil que suscita ternura.




Estas folhas não são verdes, mas não estão secas, fazem a passagem de outra forma, e puxando a metáfora para a notícia do dia, assim também aconteceu com o Tio Carlos que partiu!...

À luz se revelou!...

quinta-feira, 21 de março de 2024

Sombra não é a mesma coisa que sombras!...

 

Podia verte-lo aqui, nestas árvores, pedras, terra e verde, que tão bem conheço: Marão não é Sintra e Gatão não é solar saloio, tempos e paisagens diferentes, mas entendo-te Teixeira de Pascoaes, revejo-me...

 
CANÇÃO DUMA SOMBRA

Ah, se não fosse a névoa da manhã
E a velhinha janela, onde me vou
Debruçar, para ouvir a voz das cousas,
Eu não era o que sou.

Se não fosse esta fonte, que chorava,
E como nós cantava e que secou...
E este sol, que eu comungo, de joelhos,
Eu não era o que sou.

Ah, se não fosse este luar, que chama
Os espectros à vida, e se infiltrou,
Como fluido mágico, em meu ser,
Eu não era o que sou.

E se a estrela da tarde não brilhasse;
E se não fosse o vento, que embalou
Meu coração e as nuvens, nos seus braços,
Eu não era o que sou.

Ah, se não fosse a noite misteriosa
Que meus olhos de sombras povoou,
E de vozes sombrias meus ouvidos,
Eu não era o que sou.

Sem esta terra funda e fundo rio,
Que ergue as asas e sobe, em claro voo;
Sem estes ermos montes e arvoredos,
Eu não era o que sou.




Esta fugia de mim!...

E Teixeira vem de teixo, assim hoje o pensei, e confirmei... feliz coincidência, no Dia da Árvore e da Poesia!...

segunda-feira, 18 de março de 2024

Mil folhas...



Folhoso e negro xisto, que na toponímia preserva a memória de quem andou pelas páginas da história. A surpresa em placa de toponímia.


Descendo a rua encontramos o contemporâneo e usual azulejo.
Que contraste!...


Perdeu-se o descritivo, no normalizado mosaico. É do tempo!...



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Post scriptum

Ontem morreu um poeta, e hoje dou conta que poesia são folhas, nascem os poemas como folhas, que depois se encadernam...

segunda-feira, 11 de março de 2024

Pavimento...

 



em sequência, enxertada...
de baixo para cima...
sem sentido...

Planando no pensamento...

É mesmo assim,
derivar, de andar à deriva, de não
procurar sentido,
apenas encontro de linhas,
ângulos,
cores...

Por enquanto impossível pavimento,
a forma fica para outro encontro...

Uma folha com muita pinta.



Folha reguila, acena,
pisca o olho, não fica
rendida ao chão. O verde,
cheio de vício, diz:
estou viva!...

É mesmo uma folha com muita pinta!
Mais as pintas, que o não são...


terça-feira, 25 de abril de 2023

Quotidianos, 16.ª semana de 2023.

O cansaço e o tempo contado,  a falta que faz a pausa para debulhar pensamentos, dar-lhe alguma sequência, ser memorialista de mim mesmo. O poder olhar para trás, revisitar, a noção espacial do tempo, e não o desvairo instantâneo que vai acontecendo e se perdendo. 

Não quero deixar morrer o blogue, sinto-lhe a falta, mas o cansaço e o tempo contado empurram-me para  o WhatsApp. É fácil e rápido, as imagens acontecem e pedem mais, palavras soltas, na sequência cronológica da rotina diária. Posso procura-lhe a lógica, sem a incessante fuga para a frente... descrente!


Sombreado,
reticulado,
pixelizado!?... já é forçado.