sábado, 20 de junho de 2020

Perfeito imperfeito.

De frente e aproximando, ou esgrimindo com a luz o ângulo à superfície, encontra-se o momento da criação material: a tinta na superfície do papel e os sulcos de pressão: eis a impressão, é como olhar para a superfície da nossa pele com atenção. Os mais antigos têm esta verdade muito exposta, estão nus: tenta-me um certo prazer voyeur...









No caso presente talvez não haja casamento perfeito entre papel e tinta, o que pode explicar os deslizes: por culpa de quem? falta no prelo?



Como eu gosto destas páginas...



Imperfeitas.



Nos alfarrábios testa-se os sentidos: os óbvios visão, tato e olfato, na ordem arbitrátia da ocasião e de quem o tem na mão:  a audição inventa-se, por exemplo, desfolheando na mão e prestando atenção ao som, que também indica a secura das folhas. Do paladar nada sei, são as inimigas traças.






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Post scriptum


As imagens são do opúsculo A Gruta de Camões, de Wenceslau de Moraes, onde também se descobre a contradição. Escancaro um exemplo da pejada imperfeição. Mas há mais subtilezas pelas páginas fora.


A Chave e o Livro, primeiro episódio de uma série de programas do saudoso António Manuel Baptista.



[Todo o Começo é Involuntário...]

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