segunda-feira, 21 de março de 2022

Gnómon.

Entrou-me pelos olhos, projeta-se [há duplo sentido] no pensamento, a imagem que se segue:


Ao sair de casa, 07h34 do dia 21 de março de 2022, no enfiamento da porta de saída do prédio, um pouca para a direita, para se dar por ela e não se pisar.


Acompanha-a por perto uma folha meteorizada, quase em estado de lama; aqui o tempo tem outra perspetiva. Na primeira é o gnómon que se afirma, espera pelo sol, é o início. No achatamento temos o rasto do fim.

Falhei na profundidade de campo: se estava a pensar no fim era o início, de altivo gnómon, que deveria estar fora de foco, mas o propósito foi maquinado depois; ausente de casa, já não pude recoletar e corrigir.

O que será de ti ao final do dia?



P.S. Agustina disse que "na poesia não há pensamento, há palavras. É a arte da sensualidade e da colocação das palavras". Foi o que tentei fazer, no acaso da circunstância, com o estafado tempo. É o meu contributo para o Dia da Poesia e das Florestas.

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