domingo, 10 de abril de 2016

Quem precisa do «raio verde»?

À procura do «raio verde» é o desafio, o pretexto, para os próximos tempos. Fenómeno físico que se pode observar ao nascer ou pôr do sol, resulta da refração da luz, a que se junta a ilusão ótica por via da persistência retiniana.

O Júlio Verne fez dele um romance, o Éric Rohmer um filme, a Maria Pimentel Montenegro um poema, o Marçal Grilo continuava à procura dele na Praia Grande, não sei se entretanto já o viu, e eu venho juntar-me agora aqueles que o procuram, e convidar-vos também.

No filme a explicação encontra-se AQUI e a confirmação AO LADO :). As respetivas legendas AQUI e AQUI... quase chegamos a Waikiki :) gravem os quatro ficheiros para o vosso computador, depois é só visualizar os filmes. Da junção dos dois dá para pressentir o filme, mas o melhor mesmo é ver. A Delphine é...

O poema vem no livro Raio Verde, é a sua abertura, num livro póstumo...


O Sol na sua agonia
ao morrer ainda lança
raio verde, cor de esp'rança
promessa dum novo dia.
E assim da Eternidade —
onde estarei brevemente —
pudesse eu a toda a gente,
desta luz que me alumia,
lançar do azul silente
um raio de claridade.


Entretanto à minha volta, ao nosso redor, não se olha o horizonte, não se sente a brisa no rosto, não se cansa o corpo, não se fala, não se agrega... reduz-se, separa-se, isola-se, uma matriosca que se fecha. Quero (eu não quero) ir-estar na gaiola do consumo, a olhar para um pequeno ecrã táctil, murmurando se me falam, e continuando a dedilhar-olhar as mesmas coisas viciosas... antes fossem viçosas, não grassava a obesidade e a miopia.

«Culture may even be described as that which makes life worth living.»
«Cultura pode até ser descrita como o que torna a vida digna de ser vivida.»

A citação é do Eliot (T. S.) e aparece no prefácio do recente livro «A cultura na vida de todos os dias» do Jorge Barreto Xavier.

Foi este estado de coisas que me levou ontem a pensar: quem precisa do «raio verde»?

Esparso?... volto mais logo...

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P.S.

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