domingo, 29 de junho de 2014

Entre nós...


Tenho em mãos, e em leitura, o trabalho do nosso conterrâneo José Maria Canhoto. Confesso que aguardava ansiosamente, e certamente como muitos de vós, que já têm o livro, trataram logo de ver onde aparecem os vossos nomes e fotos, e depois os círculos familiares e de vizinhança. Porventura uma vista apressada pelos restantes "bonecos" e texto (foi assim cá em casa com os meus pais). Mas o ter e ser do livro não se esgota aqui. Se ficarem por aqui é pouco, digamos que ficam a meio do caminho.

O nosso conterrâneo fez um trabalho cujos primeiros destinatários somos nós, sem preocupações académicas, no entanto isso não significou menor rigor e objetividade na procura e tratamento das fontes histórias, muitas delas transcritas no texto, facilitando o acesso a todos nós, bem como na envolvente sócio-económica, com alguns ténues afloramentos etnográficos, resultado da vivência do autor neste espaço físico (freguesia de Amêndoa, concelho de Mação, distrito de Santarém, antiga província da Beira Baixa).

O título da obra é o esqueleto da mesma, tripartido, que se articula entre si. As duas primeiras partes dão o enquadramento (ONDE e QUANDO), e abrem o caminho para a terceira (QUEM), a qual tem o maior número de páginas, por força das centenas, ou milhares (ainda não os contei), de nomes e datas coligidos. É fácil folhear e procurar um nome, mas quanto trabalho laborioso e meticuloso exigiu, os recursos investidos, e tudo começou em 1978, passaram-se 36 anos!

Certamente existem erros, ficará ao encargo de cada um de nós validar as informações referentes ao nossos familiares (nomes e datas), e caso o erro seja detectado reporta-lo ao autor (tomo a liberdade de o sugerir). Fez o melhor que sabia e podia na apresentação das árvores genealógicas, e fez muito. Sinto falta de uma sistematização bibliográfica: obras e documentos consultados, e os locais e instituições onde se encontram. Parte desta informação encontra-se dispersa ao logo do texto, mas seria oportuno um apêndice bibliográfico no final da obra, até a pensar em trabalhos futuros, que neste se venham a apoiar. É a minha sugestão.

Finalmente, o livro também pode ser visto como um repto a todos nós. O que fazer com o nosso legado, não interessa se é muito ou pouco, rico ou pobre, provavelmente até sem relevância a nível regional ou nacional (o que não creio), mas é o que temos, e se o não fizermos dificilmente estranhos o farão por nós. Há que começar por uma ponta, em coisas simples, que se estão a perder lentamente, especialmente entre os mais novos, como o desfrutar do espaço físico e humano (o que se come, bebe e respira), estórias e história, ou até o arriscar construir uma vida aqui, na nossa terra (ousados precisam-se).

O José Maria Canhoto tem feito a sua parte, na minha modesta opinião o único, em termos de resgatar e preservar a história da nossa Amêndoa, e disso são exemplo os vários artigos que tem escrito no Jornal Voz da Minha Terra. Fica aqui uma amostra de dez artigos.

Para terminar, uma página ao acaso :) Será?


Um grande bem-haja para si, José Maria Canhoto, e um forte abraço,
Carlos (filho da Terra)

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P.S. Fotos de minha autoria, transformadas em papel de parede para o computador. Sinta-se livre de as usar, e da próxima vez que for "à terra" desfrute da terra :)



A foto da Serra do Santo foi tirada na aldeia do Pé da Serra a 4 de outubro de 2009. É a vista da nossa casa :) Provavelmente estarão a olhar para o "umbigo de Portugal".


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