domingo, 27 de abril de 2014

A razão de um nome...

A razão de um nome...

Fui beber o título deste blog, "Melancolia com um", à gravura de Albrecht Dürer "Melencolia I". Fácil de explicar a grafia, embora no endereço do blog apareça tudo junto, o que dá melancoliacomum, é apenas mera coincidência, sem qualquer significado. Para vincar a diferença aparece no logotipo do blog Melancoliacom1, escrito em Century Gothic, o que tinha de mais parecido com a minha primeira escolha: Futura, e não foi por acaso, e também gosto de letras :)

Falta o 1, o primeiro de três tipos de melancolia definidos por Cornelius Agrippa, a Melencholia Imaginativa. Estaria o artista numa crise criativa? Só consigo mesmo, toldado no labirinto da razão-imaginação? É este o encanto da melancolia... perder-se e encontrar-se. Quanto ao leitmotiv, ele segue aquilo que vejo, que quero ver, introspectivo, gosto da neblina de Sintra, do mar alterado da Praia das Maçãs (barbas brancas), de pensar, ponderar... desesperar quando parece não haver caminho, mas sempre há :)

A gravura bem velhinha, faz este ano 500 anos (no Quadrado Mágico, o primeiro a ser publicado na Europa, aparece a data da gravura), deixa muito espaço em aberto, nas nossas cabeças, a começar pela forma como pensamos hoje: o que nos anima é certamente diferente do tempo do artista. Existem interpretações para todos os gostos, e claro a minha, não no sentido global, vou mais debicando, imaginando, por isso a obra continua a encantar, ou agitar, ou outra coisa qualquer... por exemplo, a expressão do rosto,
 

imagino o Galileu a resmungar Eppur si muove!

Falta dizer como esta história começou... com um livro, claro :)
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Ironia do destino, pouco depois de ter publicado esta mensagem soube da morte do Vasco Graça MouraRECORDAR...
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Foi a referencia a esta gravura, que conscientemente não estava presente no meu arquivo mental, que desafiou a minha curiosidade, bem como a referência à obra de Robert Burton, que tinha visto na livraria semanas antes, que desencadeou tudo isto, embora a vontade estivesse latente... vontade latente. Depois é só deixarmo-nos levar... Por exemplo, Burton refere-se a esta gravura no seu livro,


e à excelência da carne portuguesa :)



Esta história ainda me consome: gostaria de consultar a obra Saturno y la melancolía (um clássico), especialmente a parte final dedicada a esta gravura. Mais tarde irei consultar a obra do Jansen, que está na casa dos meus pais, fica a citação (que descobri aqui):
One of the four temperaments, she holds the tool of geometry, yet is surrounded by chaos. She thinks, but cannot act, while the infant scrawling on the slate, who symbolizes Practical Knowledge, can act but not think. This is then, the melancholia of an artist. He cannot achieve perfect beauty, which is known only to God, because he cannot extend his thinking beyond the limitations of space and the physical world.
from The History of Art by H.W. Jansen
Está de pé... quer dizer tão somente que comecei, levantei o mastro, estou pronto para navegar, é o inicio de uma viagem chamada blog... Kavafis assalta-me logo o pensamento :)

Continua de pé!

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P.S. Salvo informação em contrário, as imagens que aparecem no blog são de minha autoria, fotografias ou digitalizações de objetos meus, principalmente livros, manipuladas por mim.
Os artigos da Wikipédia alternam entre o inglês, por norma o mais completo, razão de ser primeira escolha, e o português.

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