O tempo dos teens é dos teens, e o nosso tempo cultiva muito este tempo, mas na ambiguidade, basta olhar para a publicidade. Não é só uma questão estatística, o número de consumidores que urge arrebanhar nesta faixa etária, mas também os outros que "andam por aqui": o mito do eternamente jovem, o irreverente, a sexualidade à flor da pele, o revolucionário, o artista naïf, o intelectual despenteado ou o cientista maluco, excentricidades de "tempos mal resolvidos".
Mas ser teen é giro. Recorda-me "Os Pequenos Vagabundos", agora a cores no início dos anos 80, e que já tinha visto a preto e branco, na televisão (ao final de sábado a Marion-de-Neiges era a menina mais linda do mundo, e eu suspirava pela Nazaré), a mudança de escola, novinha em folha, e com arquitetura "espacial", foi de minha autoria o seu primeiro emblema (Escola Secundária de Benfica), o estar em segundo lugar na lista dos rapazes mais giros da turma, e também no braço de ferro, o sofrer pela Dina, desenhar a lápis (Palácio da Pena e brasão de Sintra eram os temas preferidos), o verão e a praia (Portinho da Arrábida e Praia das Maçãs), que raramente tive por ter de trabalhar, a liberdade da terra, na aldeia dos meus avós. A viagem em si, a passagem por Santarém, Abrantes, e a vista do Castelo de Almourol (nunca paramos, só em adulto o visitei... é uma mágoa), o chegar de noite, sem energia elétrica, os banhos no tanque, e os tempos gloriosos da leitura de "A Civilização do Renascimento Italiano", ao som de "Thundering Hearts" do John Cougar, ou o rasgar estridente do Kai Hansen Manso numa guitarra elétrica.
Esta mensagem era para ter começado com uma alusão à Tabela Periódica, números atómicos do 13 ao 19, a terminação teen dos numerais em inglês, que simplifica e se entende, em vez do "palavrão" adolescente, e ao mesmo tempo o que mais precioso me ficou desse tempo, e para sempre: o prazer da descoberta, o gosto pelo conhecimento.
Para o teen cá de casa deixo... Autobiografia Charles Darwin (Apresentação).
Para a teen da outra casa deixo... A verdadeira história do chocolate.
Para os outros teen... Darwin Day (é para colar na parede).
Para sempre Galapiat, em jeito de epitáfio, com "Thundering Hearts" a ressoar na minha cabeça. É o meu lado teen :)
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P.S. A tarde de ontem (26/9) revelou uma grande surpresa: as estórias do Luís Martins, contadas por ele na visita guiada à exposição temporária "Artes de Pesca. Pescadores, normas, objetos instáveis" (Museu Nacional de Etnologia). Momentos de partilha, na simplicidade de quem viveu e sabe, com aquele brilho nos olhos, o sotaque, os gestos, a postura, e uma pressa sem pressa. Obrigado Luís Martins.
- Uma Vídeo-Tabela Periódica;
- SOBRE A NUDEZ FORTE DO NÚCLEO, O MANTO DIÁFANO DA NUVEM ELECTRÓNICA: AS MEMÓRIAS DUM ÁTOMO;
- A QUÍMICA SEGUNDO PRIMO LEVI;
- Adolescentes.
algumas teenadas acompanhadas por mim... ;)
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