sábado, 26 de setembro de 2015

Teens na tabela.

Ontem foi a vez da chegada de um teenager cá a casa, e no dia anterior uma teenager, noutra casa, e outros mais que foram acontecendo ao longo deste ano, e não ficamos por aqui. É mais uma etapa importante da vida, na vida de cada um de nós, mas desta fica sempre um sabor especial, que certamente contrastará com todas as outras. Há até quem queira "andar sempre por aqui", nesse tempo, só que o tempo não pára.

O tempo dos teens é dos teens, e o nosso tempo cultiva muito este tempo, mas na ambiguidade, basta olhar para a publicidade. Não é só uma questão estatística, o número de consumidores que urge arrebanhar nesta faixa etária, mas também os outros que "andam por aqui": o mito do eternamente jovem, o irreverente, a sexualidade à flor da pele, o revolucionário, o artista naïf, o intelectual despenteado ou o cientista maluco, excentricidades de "tempos mal resolvidos".

Mas ser teen é giro. Recorda-me "Os Pequenos Vagabundos", agora a cores no início dos anos 80, e que já tinha visto a preto e branco, na televisão (ao final de sábado a Marion-de-Neiges era a menina mais linda do mundo, e eu suspirava pela Nazaré), a mudança de escola, novinha em folha, e com arquitetura "espacial", foi de minha autoria o seu primeiro emblema (Escola Secundária de Benfica), o estar em segundo lugar na lista dos rapazes mais giros da turma, e também no braço de ferro, o sofrer pela Dina, desenhar a lápis (Palácio da Pena e brasão de Sintra eram os temas preferidos), o verão e a praia (Portinho da Arrábida e Praia das Maçãs), que raramente tive por ter de trabalhar, a liberdade da terrana aldeia dos meus avós. A viagem em si, a passagem por Santarém, Abrantes, e a vista do Castelo de Almourol (nunca paramos, só em adulto o visitei... é uma mágoa), o chegar de noite, sem energia elétrica, os banhos no tanque, e os tempos gloriosos da leitura de "A Civilização do Renascimento Italiano", ao som de "Thundering Hearts" do John Cougar, ou o rasgar estridente do Kai Hansen Manso numa guitarra elétrica.

Esta mensagem era para ter começado com uma alusão à Tabela Periódica, números atómicos do 13 ao 19, a terminação teen dos numerais em inglês, que simplifica e se entende, em vez do "palavrão" adolescente, e ao mesmo tempo o que mais precioso me ficou desse tempo, e para sempre: o prazer da descoberta, o gosto pelo conhecimento.

Para o teen cá de casa deixo... Autobiografia Charles Darwin (Apresentação).

Para a teen da outra casa deixo... A verdadeira história do chocolate.

Para os outros teen... Darwin Day (é para colar na parede).

Para sempre Galapiat, em jeito de epitáfio, com "Thundering Hearts" a ressoar na minha cabeça. É o meu lado teen :)

----------------------------------
P.S. A tarde de ontem (26/9) revelou uma grande surpresa: as estórias do Luís Martins, contadas por ele na visita guiada à exposição temporária "Artes de Pesca. Pescadores, normas, objetos instáveis" (Museu Nacional de Etnologia). Momentos de partilha, na simplicidade de quem viveu e sabe, com aquele brilho nos olhos, o sotaque, os gestos, a postura, e uma pressa sem pressa. Obrigado Luís Martins.






1 comentário: