Não é fácil contrariar o desejo de consumir, de ter, especialmente quando à nossa volta tudo nos convoca, e provoca, para a orgia. Mas há que resistir, encontrar prazer onde menos se espera, prazeres tricotados na mente com a matéria dos sentidos, que nos libertam do peso de existir, do tempo que parece acelerar, do vazio que sempre teima em se instalar, numa aproximação infinitésimal da vida quotidiana: menos tempo, menos tempo, mais insatisfeito, mais insatisfeito, mais e mais, que resulta em menos e menos. Não precisar de tanto liberta-nos.
A face visivel destes desenganos são os padrões de consumo, e a forma como são produzidos esses bens. Hábitos que se instalaram, conforto no desperdício, segurança imaginada: o alimento perto e abundante, com embalagens giras, as engenhocas que nos fazem sentir senhores dos nossos destinos, e todos os dias há coisas novas, e assim vai crescendo a economia, rapidamente esgotando os recursos, reduzindo o nosso espaço de manobra.
É impossivel estar sempre a crescer, olhem para vós... estão sempre a crescer?... E quanto mais se crescer, assim, mais perto chegamos ao fim, e mais doloroso o ajustamento futuro. O futuro vai-nos cair em cima. Neste momento já não é nada fácil, por exemplo, se reduzir o número de presentes que irei comprar este Natal, se viajar menos, se comer menos (e esta é uma época de excessos), certamente estarei a contribuir para reduzir as emissões de dióxido de carbono (CO2) e metano (CH4), os principais gases com efeito estufa (falta um terceiro que é o vapor de água), mas também estarei a contribuir para um abrandamento da atividade económica, mais despedimentos, perda de rendimento, dificuldades em cumprir compromissos assumidos. E quando não se pode fazer o que todos fazem, fica-se mal.
É uma teia de compromissos, de bugigangas, de tempo que se esgota, uma bola de neve que vai aumentando e acelerando, a que se pode juntar uma avalanche: as emissões de gases com efeito estufa estão a provocar o aumento da temperatura, provocando o degelo, que por sua vez pode desencadear a libertação de grandes quantidades de metano acumulado no permafrost, com efeito multiplicador sobre esse mesmo efeito de estufa, o que pode provocar alterações drásticas e repentinas no clima (é um risco real). Nos oceanos não é apenas a subida do nível do mar, que é já um problema, mas as alterações nas correntes oceânicas, o grande motor de distribuição de calor à escala global. Neste momento as alterações climáticas já estão a acontecer, e é fácil de perceber porquê: olhem para a vossa futura da eletricidade, e confirmem os quilogramas de CO2 que lançaram para a atmosfera no mês passado, só por esta via, mas falta o resto (viagens, alimentação, conforto térmico...). Quantos quilogramas produziam os vossos avós?
As condições favoráveis em que prosperamos estão a desaparecer rapidamente, ameaçando o nosso futuro. Não vamos lá só com a "neutralidade" e com o "assim que possível", devemos explorar todas as vias, a nível individual e coletivo, tecnológicas e de comportamento, aqui não existem fronteiras nem crescimento que nos valham.
Fazer diferente e começar já, ser a diferença. Vai ser difícil, muito difícil, olhem à vossa volta, a começar pela forma como ocupamos o espaço, como cresceram as nossas cidades, movimentos de pessoas e trocas comerciais, por onde passam as estradas, espaços de grande concentração que exigem um grande vaivém diário, no caso de Lisboa a perda de grandes áreas agrícolas que foram cobertas de betão, o produzir e consumir local desapareceu. É fácil desperdiçar centenas de quilómetros numa semana só nestes percursos ineficientes. A generalização rápida de meios individuais de locomoção elétrica, com as restrições de autonomia que este tipo de veículo tem, iria certamente induzir novos comportamentos.
Diversificação e complementaridade de novas formas de energia, com destaque para as renováveis, mas também de novas fontes alimentares, e da composição da nossa dieta alimentar, do combate ao desperdício e ao supérfluo, e tudo isto desemboca em novos hábitos de consumo.
Uma economia baseada no crescer e no vaivém não é sustentável. Mais do mesmo não é caminho, é abismo.
Cultive dentro de si, e exteriorize, a FRUGALIDADE e a CRIATIVIDADE... no seu dia a dia, na sua vida, e sinta-se feliz, com menos CO2 e CH4 :)
Foi assim que encontrei a minha árvore de Natal para este ano. A ideia surgiu no domingo passado (13), em frente de minha casa. Estar atento, desperto para os pequenos prazeres, no meu caso as árvores, tenho outros pequenos prazeres... diversificar, complementar... e bastou ajeitar com o pé direito, em forma triangular, o amontoado de folhas dispersas pelo asfalto... no meio delas destacava-se um linda folha... ficou a estrela. Um leve vento criou um adorável imprevisto na hora de fotografar, e ficou assim...
Depois foi trabalhar em casa a fotografia eleita, e ficou assim...
A primeira para imprimir, e ou enviar por email, a segunda é o meu papel de parede no computador... o asfalto virou céu estrelado... na noite de Natal vamos ter lua cheia. A última vez foi em 1977, a seguite, depois desta, será em 2034 (é como estará a Terra e todos nós?)
FELIZ NATAL a todos vós, do fundo do coração... PAZ e BEM.
MERRY CHRISTMAS to all of you, from the bottom of my heart... PEACE and ALL GOOD.