Uma ausência, que não é de férias, mais parece antiférias, como a antimatéria, o oposto de um certo continuum, picotado relâmpago, ou rasgo de luz muito breve, por vezes violento e doloroso, ou calmo e prazeroso, mas de tão breve que passa, a dor e tudo o resto.
Neste rasgo de ausência, o meu continuum foi feito de obstáculos, que se foram vencendo é certo, mas à custa dos meus poucos rendilhados de luz, como o estar aqui, uma pausa que se inala ou se escuta, desenhar no olhar a linha do horizonte a quatro olhos, ou um poema que se lê ao deitar, quando o corpo exausto não é apenas «cadáver adiado que procria».
Dando espaço à perspetiva, não é muito diferente do que se passa numa vida, no entanto é preciso ter cuidado, o que passa pode ser nosso, e o que se nos vai passando?...
Ontem foi um resumo de rendilhados de luz, assim...
Guarda que bella... |
Rumo |
Autorretrato |
Gentileza |
Momento |
O resto já passou, mas é bom que se não passe (que não se repita, a perda de tempo).
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P.S. Quarenta e duas voltas ao Sol, parabéns Cármen. O teu presente...
Texto retirado da Revista Gulbenkian Descobrir Março a Setembro 2015.
Foto-composição minha, que andou em bolandas, e que teve vários inícios, desde "O prato", "O que me mantém", e agora é tua.
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