Temos o contraste da beleza virginal, naïf, explendorosamente nua, não é preciso inventar mais nada, e a busca do prazer, numa insatisfação permanente: mais e mais... não chega, vamos pela dor e submissão. Como comer pastéis de nata e não ficar satisfeito, e querer prolongar o prazer... e voltar a comer, e voltar a comer, até à exaustão, depois vomitar, para poder comer mais... é um pouco a insatisfação do nosso tempo, o prazer na simplicidade que se perdeu. Não se escreve melhor só porque se tem um MacBook, e ele aparece no filme, ou se comunica melhor só porque se tem um iPhone, também não se é mais feliz só porque se tem uma overdose de prazer. Se estás insatisfeito procura primeiro dentro de ti porque estás assim, e acrescento, procura pela simplicidade, no fluir do tempo, sem pressa ou excessos, porque a vida é breve. Paradoxal?
Para que os limites possam ser superados, a dor para além da dor, na busca insana do prazer, cria-se o artifício "amarelo" e "vermelho" (têm de ver o filme para perceber), em que ardilosamente se dá ao outro o poder de controlar o seu próprio limite, e assim se superar, que é o objetivo de quem verdadeiramente controla, ir além do limite, é como ir ao supermercado e levar a lista de compras, pensando que só iremos comprar o que lá está, o que nunca acontece.
Por acaso/coincidência tinha lido/relido o texto de Ingrid Bloser Martins sobre Wenceslau de Moraes e Armando Martins Janeira, que tem muito a ver com a forma como fiz a leitura do filme.
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P.S.1.
- Consent Isn’t Enough: The Troubling Sex of Fifty Shades;
- O prostituto do templo (Pero Vaz de Caminha);
- Kama Sutra de pedra (Khajuraho);
- O sexo é sagrado…;
- A orgia de Marquês de Sade;
- O Marquês de Sade e a liberdade de expressão: um ensaio sobre o filme Quills de Philip Kaufman;
- Novelas Eróticas, de Manuel Teixeira-Gomes;
- Jean-Léon Gérôme corpo trabalha exposição on-line;
- O Banho Turco de Ingres (tinha o pintor 82 anos);
- A Origem do Mundo de Gustave Courbet.
Senti falta do Notepad (estou a pensar no editor de texto) comandado pelo meu cérebro, no qual os meus pensamentos fossem escritos e no final guardados no computador (ainda está por inventar), sem ter de me levantar de madrugada e sentir o desconforto do frio à medida que o corpo arrefece. No impasse, levanto, não levanto, um turbilhão de ideias me ocorrem sobre o filme, mas já passaram, fiquei no quentinho. O que ficou e ruminei está aqui, por isso gostei do filme. A insatisfação faz falta, mas não a de Grey.
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P.S.2.
EXPLÍCITO
Eu estou dentro de ti
Tu estás dentro de mim
É tudo...
E é tão bom...
Nasceu assim. |