Passemos agora às Sintras, tenho conhecimento de duas, a primeira na Argélia e a segunda na Roménia.
Bougie, a Sintra argelina, local de exílio de Manuel Teixeira Gomes. É o presidente dandy quem faz a comparação, atentemos nas suas palavras:
Depois vai discorrendo sobre os encantos femininos, e outras derivações (da vida claro), que podem encontrar aqui, um relance muito, muito fugaz do livro de Norberto Lopes sobre Teixeira Gomes.
Podem ver a capa do livro aqui, o meu não tem, quando o comprei estava um pouco maltratado, mas tratei de o encadernar condignamente, agora está forte, lindo de se ver e ler. Os livros também se cuidam.
Béjaïa, nome actual de Bougie (ou Bugia), não esqueceu Teixeira Gomes. Existe uma praça com o seu nome, onde se encontra o seu busto, e o Hotel l'Étoile, local onde viveu os últimos dez anos da sua vida, tem uma placa à entrada relembrando a sua passagem pelo local (quarto n.º 13).
http://zephyron.blogspot.pt/2008/10/bougie-un-illustre-portugais.html |
http://ahistorianacidade.wordpress.com/2010/12/04/bejaia-cidade-onde-manuel-teixeira-gomes-faleceu/ |
http://automne-en-berberie.blogspot.pt/2013/11/bejaia-port-kabyle.html |
A sua caricatura no exílio, e o último retrato, tirado nesse hotel.
Podemos ver nas fotos antigas que se seguem como seria Bougie no tempo de Teixeira Gomes, local aprazível, vistas desafogadas, uma brisa de mar, o Forte Abd-el-Kadero, nome de um herói argelino, o Pico dos Macacos e o seu apêndice, o Cabo Carbon com o seu farol. Não traduzi de propósito, pesquisei no Larousse e não encontrei só a palavra carbon, a tentação seria traduzir para carbono, mas não é, pois a palavra francesa é carbone. Por aqui passa a Cordilheira do Atlas, que vai terminar na Tunísia.
Bougie (Béjaïa) é cidade berbere, palavra para vela, em francês, de cera para iluminar, e as que se fabricavam aqui eram famosas pela sua qualidade (cera de abelha). O nosso Bugio é faro, ilumina, pois é, vem de vela :)
Tudo isto é fantástico, não estive em Bougie , nem conheci Teixeira Gomes, mas os livros e a Internet permitiram construir uma ponte, e assim consegui, conseguimos, viajar no tempo e no espaço. Físicos ou virtuais, ao alcance da mão ou digital. A mão que está sempre presente, a que pega no objecto ou a que clica no rato... e temos nós livros, dicionários, postais ilustrados, fotografias, depois é só montar o puzzle, o roteiro de viagem: texto, imagem, hipertexto. Explorem, cada página que se abre não se esgota no abrir. Tudo na vida não se esgota no abrir, na primeira vez, isso é apenas o começo, há que levantar e sentir a brisa no rosto... sentir no corpo o corpo e o que está fora do corpo.
http://www.vitaminedz.com/bejaia-ou-bougie-algerie-vue-generale-en-1930/Photos_20155_137710_6_1.html |
http://www.vitaminedz.com/bougie-algerie-vue-generale-prise-du-fort-abd-el-kader/Photos_20155_137060_6_1.html |
Béjaïa é assim... um encanto :)
https://www.flickr.com/photos/tomtalib/11102752914 |
Quem pratica pode procurar a geocache Teixeira Gomes PRP7, quem não sabe, ou quer experimentar, é um bom pretexto.
Para terminar, um trabalho académico com referências a Bougie, e o mapa de Piri Reis (famoso e misterioso, que ainda hoje dá azo a muitos devaneios, é assim a natureza humana) onde aparece representada.
E agora a outra...
Sinaia, a Sintra romena, assim aparece designada num artigo da autoria do Professor Victor Buescu, publicado no Jornal de Sintra de 7 de janeiro de 1948. Aqui nasceu, no Castelo de Peles, inaugurado em 1883, o nosso Palácio da Pena é de 1847 e Neuschwanstein de 1892, o Rei Carol II da Roménia, que viria a exilar-se em Portugal (Estoril), onde faleceu. Foi sepultado no Panteão dos Bragança (Mosteiro de S. Vicente de Fora). A sua avó paterna era Antónia de Bragança, filha da rainha D. Maria II. Em 2003 foi transladado para a Roménia.
Aqui ficam as fotos que encontrei, pois ainda não tive a oportunidade de visitar Sinaia.
http://en.wikipedia.org/wiki/Sinaia |
http://www.romaniatourism.net/where-to-go/mountains/ |
http://photos2see.wordpress.com/2013/05/08/sinaia-town-romania-travel-photography/ |
Mais fotos e postais.
Existem umas famosas placas de chumbo que foram encontradas em Sinaia. Todas as Sintras têm que ter os seus mistérios e lendas.
Para quem estiver interessado em saber mais sobre os romenos, com a particularidade de ter sido escrito para nós, portugueses, por Mircea Eliade, o livro que encontram aqui. O contacto com a língua e a cultura portuguesa aconteceu na Índia, e Camões fascinou-o.
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P.S. Em Portugal temos outras Sintras, a saber: Sabrosa (Sintra do Douro), Figueiró dos Vinhos (Sintra do Norte), Alpedrinha (Sintra da Beira), Rio de Moinhos (Sintra do Ribatejo), Castelo de Vide (Sintra do Alentejo) e Monchique (Sintra do Algarve). As comparações valem o que valem.
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