terça-feira, 5 de julho de 2016

Adfyd a ddwg wybodaeth, a gwybodaeth ddoethineb.

O título da mensagem é um provérbio galês, que traduzido para o português, apartir do inglês, fica assim: a adversidade traz o conhecimento, e este a sabedoria.

O que nos contraria, as dificuldades experimentadas, levam ao nosso provérbio «a necessidade aguça o engenho».

Temos pois o conhecimento pela vivência ou pela prática de uma atividade, em ambos a experiência é a base sólida para o conhecimento, não é o que diziam os antigos, mas o que experimentei, nas palavras de Duarte Pacheco Pereira «a experiência, que é madre das cousas, nos desengana e de toda a dúvida nos tira», e que podem ler AQUI num texto surpreendente, porque nos convoca à descoberta, do Onésimo Teotónio Almeida.

Por incrível que pareça, esta «conversa» surge por causa do próximo jogo de Portugal no EURO 2016, e digo incrível porque não gosto de futebol. Para mim assistir a um jogo do princípio ao fim é tarefa fastidiosa. Continuo a achar que «A paixão pelo futebol não é apenas uma paixão desportiva. É a expressão de um país acabrunhado que só encontra nas chuteiras uma causa – e um sentido.» (JPC, AQUI), mas o entusiasmo do FJV, AQUI, e a afirmação «Algumas pessoas pensam que o futebol é uma questão de vida e morte. Posso assegurar-vos que é muito, muito mais importante do que isso» (Bill Shankly), ou «Coisas banais são o melhor do futebol» (AQUI), e o que o FJV vem escrevendo na coluna «Os Bravos do Pelotão», a propósito do Euro 2016, que religiosamente vou recortando, digitalizando e arquivando (AQUI), têm lançado sobre mim a suspeita de que estarei a perder algo.

Será que irei descobrir o porquê de tanta alegria na irracionalidade, de tanta baboseira e conversa fiada em torno do futebol, será que conseguirei ficar pregado e transtornado, aos berros e de pulsação alterada, a ver um jogo de futebol do princípio ao fim?... nada, até agora nada. Estou na mesma, em campo oposto/ausente/inexistente. Não há nada que chegue à vida secreta das árvores AQUI... e a outros «nadas» muito meus :)

Gales, o País de Gales, a que aludí no início através de um provérbio, é antes de tudo a recordação de uma aventura de «Os Cinco nas Montanhas de Gales» («Five Get Into a Fix» no original de 1958), que podem visualizar AQUI, na versão que passou na RTP nos anos 70-80, e o livro que li. Revejam os minutos iniciais, certamente terão sido filmados em Gales: as colinas, a placa a indicar LLANFAIRORLLWYN.




Mas a velha e mítica nação galesa é também a Camelot do Rei Artur, que continua por encontrar, perdida algures em Gales, na imaginação de muitos de nós... e assim nos alimenta.


Ilustração retirada do livro de John Howe, Mundos Perdidos.

Mais recentemente foi a descoberta de dois poetas galeses. O Dylan Thomas, sorvido num dia difícil, AQUI, e o R. S. Thomas, que me foi dado a conhecer pelo Patrick, e do qual vos apresento um poema que faz a ponte entre paisagem e história, com mitos à mistura, um poema sobre resiliênciae do qual me atrevi a fazer a tradução (a minha primeira).

A Welshman to any Tourist

We've nothing vast , no deserts
Except the waste of thought
Forming from mind erosion;
No canyons where the pterodactyl's wing
Falls like a shadow.
the hills are fine, of course,
Bearded with water to suggest age
And pocked with cavarns,
One being Arthur's dormitory;
He and his knights are the bright ore
That seams our history,
But shame has kept them late in bed.


Um Galês para algum Turista

Não temos nada vasto para lhe oferecer, não há desertos
Exceto o resíduo do pensamento
Formado a partir da erosão da mente;
Não há desfiladeiros onde a asa do pterodáctilo
Se precipite como uma sombra.
boas colinas, claro,
Barbadas de água insinuando a idade
E crivadas de cavernas,
Uma é a camarata de Artur;
Ele e os seus cavaleiros são o minério brilhante
Que sutura a nossa história,
Mas a vergonha manteve-los até tarde na cama.

Uma análise do poema AQUI. Quando se entende fica mais fácil de gostar. É o que me está a faltar no futebol :)

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Post scriptum

Ricardo e Lia, esta mensagem é-vos dedicada... porque nos encontrámos, porque andei com o rascunho da tradução do poema no bolso, enquanto conversávamos, porque é um começo/recomeço, porque não são precisos mais porquês. Alice é o vosso futuro.

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