domingo, 26 de junho de 2016

Palimpsestos.


Estava no chão, manhã de 6.ª feira passada, mais ou menos assim, e as palavras cientista, vida e extraterrestre captaram a atenção do meu olhar. O texto podem ler AQUI.

A minha curiosidade passou depois, no dia seguinte, pelas restantes páginas da revista, e li até o improvável de ler de livre vontade. A curiosidade foi mais forte :)



Na página 49, no final do parágrafo que vem da página anterior, podemos ler:
A incapacidade de aceitar a injustiça é a primeira marca de esquerda.
E se fosse assim... A incapacidade de aceitar a injustiça é a primeira marca da direita, ou a incapacidade de aceitar a injustiça é a primeira marca de... o que bem entenderem, sugiro... do ser humano.

Página seguinte, novamente final do parágrafo que vem da página anterior, podemos ler:
À provocação «custava-lhe muito ter uma filha de direita?», atira sem hesitar: «Muito.»
E se fosse assim... «custava-lhe muito ter uma filha de esquerda?»... sugiro nada para ambos os casos.

Esquerda e direita não é o bombordo e o estibordo da vida. Na navegação de cabotagem o lado bom, o que está virado para terra, quando os portugueses desciam pela costa africana abaixo, rumo às Índias, era o lado esquerdo, o bombordo. À direita o imenso oceano desconhecido, onde mais tarde encontrámos o Brasil. Afinal do lado mau também havia terra.

É descabido continuar a insistir numa visão maniqueísta da vida política, extensível até ao interpessoal, não é coisa que se queira perpetuar pelo século XXI adentro. Pior ainda o insinuar de uma certa superioridade moral e ética de um dos lados sobre o outro. Mas não é nada disso que se trata. As águas dos rios Negro e Solimões teimam em andar separadas durante algum tempo, mas mas o resultado final é só um: o Amazonas. Simples, e as águas ficam mais ricas :)

Confiar ou desconfiar: no indivíduo, no coletivo, no mercado. Formas de conciliar a vontade da maioria nas aspirações de cada um. Como é feita a criação e a apropriação da riqueza. Os equilíbrios/desequilíbrios vão-se alcançando e substituindo. Tudo junto é que dita o sucesso e a sustentabilidade civilizatória. Têm de existir recursos materiais para sustentar as «conquistas» da civilização, não basta estarem escritos no papel (leia-se Constituição). Estômago faminto acicata a mente, faz resurgir o animal. Sustento, saber, e o corolário: a saúde. A sequência unívoca dos três esses do Professor Agostinho da Silva (AQUI aos 16 minutos e 18 segundos).

Não são os outros, somos nós: eu, tu, a comunidade.

Tudo isto não era para ser assim, mas aconteceu, é talvez o esboço do meu Credo. Fui raspando e apareceu, como um palimpsesto.

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Post scriptum

Até agora, na minha escala temporal, um ponto se destaca: a queda do Muro, mas passei a ter mais um: o Brexit.

A líder está cada vez mais só, por incapacidade e irresponsabilidade dos outros «líderes». Ao líder exige-se que mantenha a calma, acredite verdadeiramente no que diz e faz, que saiba para onde quer ir (a parte mais difícil neste momento).

Do que fui lendo destaco:

O sucesso do impossível (JCN - 23 de junho);
O Reino Desunido (MEC - 25 de junho);
Brexit: Merkel says 'no need to be nasty' in leaving talks (26 June).

Objetivamente não são os programas de estabilidade e de convergência, e a pressão dos refugiados, a origem de todos os problemas, mas aos olhos da multidão é o que cada vez mais se quer fazer querer, e isso pode ser fatal. Aquilo que não foi pode passar a ser.

Porque razão milhares de seres humanos fogem dos seus países para alguns países da União Europeia? Entre Inglaterra, Alemanha e Portugal, como ordenam as suas preferências? Não é dificil adivinhar.

Atento e sereno a desenvolvimentos futuros.


Post post scriptum
Ser de direita – normalidade ou doença?”, por João Pereira Coutinho.

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