sexta-feira, 31 de dezembro de 2021

Ambição.



De não ter
De não possuir
De não invejar


A estima pela metade
O medo a dobrar


[A] Bem ou mal...

domingo, 12 de dezembro de 2021

O que resta...




 
Na indecisão do alinhamento a certeza da estação...

ou o que me resta?

Folhas!

domingo, 19 de setembro de 2021

Mote.

O Colégio do Ramalhão, em Sintra, renovou as boas-vindas.


Encimando o arco, que dá entrada para o reduto, está a faixa que irá permanecer durante o ano letivo que agora começa. Expectante, dei pela sua chegada esta semana, e será quase sempre observada de relance, ao final do dia, de regresso a casa.

Há uma imagem e um texto que exigem mais atenção, vislumbre que me obrigou a parar para ver e ler, o que não se consegue de passagem conduzindo.

Na vida, os bens mais preciosos não se procuram, esperam-se. Simone Weil
Imagem retirada DAQUI.

A citação de Simone Weil [esqueçam que é a sinopse do livro, é um p
etit gâteau], da qual não consegui encontra a origem, é paradoxal na inversão do estafado "não fique à espera, procure". Como não estou a conseguir chegar ao entendimento desta, começo por procurar a palavra ESPERAR no dicionário, e vou pensando.

Steve McCurry é o autor da fotografia da imagem, e desta consta a seguinte informação IPTC:

Bamian, Afghanistan, 2007, AFGHN-12772. Hazara schoolchildren.

NYC80918, MCS2007005 G12772, final print_milan

Teaching the young has paid off in Hazara society, where literacy is above the national average. Boys- like these fifth graders at an all-boys school in Bamian -still fill the majority of classrooms. But at least 40 percent of Hazara students taking college entrance exams are now women. -National Geographic, February 2008, Vol. 213, No. 2

Unguarded Moment_Book
Untold_book

final print_MACRO
final print_Sao Paulo

_retouched Sonny Fabbri 11/15/12

Facilmente acessível com o software IrfanView, gratuito para uso não comercial, e respetivo plugin [METADATA].

sábado, 28 de agosto de 2021

Quando se vai para um lugar descobrem-se outros lugares.

Parece pouca coisa, mas em dois dias e meio consegui juntar entretém, que baralha e diverge ainda mais o mosaico da minha atenção.

Aqui fica o registo cronológico das ocorrências, sendo certo que parti somente com o Projecto de Agostinho da Silva, que não cheguei a reler no local, a Falésia de Argéis e o Bloco do Moinho para identificar, e algum gato maltês que se cruzasse no meu caminho.


A hera aqui se fez árvore estilizada, mas no pensamento é a Cruz, que ainda procuro, e que lhe reforça o simbolismo [ler página 13], no espaço onde se encontra e não foi plantada.


Um único mata-cães perdido no alçado da ala norte, aparentemente fora de contexto por não ser um edifício militar.




Local de abandono e de incúria humana, permite-nos deambular. As pedras aguentam mais tempo que nós; de permeio o orvalho, a bolota, e o crepúsculo em finisterra encerram o dia. FIM DE TERÇA-FEIRA.



O par de azeitonas do zambujo, umbilicalmente ligadas, ficou preso no raminho. O "hibridismo" não foi visto por mim, mas deslindado por mim, com espanto de pequeno milagre. Gravidade, pontaria providencial, e um raminho que facilmente oscila com o vento. São várias incertezas alinhadas no mesmo momento espacial, e aconteceu.


Dei pela falta da pedra, por cima da porta de entrada na alcáçova. Parece recente, e ainda não consegui sequer encontrar referência à sua existência, o que teria escrito, nem quando foi retirada, ou se estará guardada em algum museu.

Esta história é mais divertida!
— Também acho!

Foi assim que respondi ao "repto" de uma criança que passeava com os avós.


Podia ser Bauça ou Agostinho, a liberdade descomprometida. No posto de turismo e na biblioteca constatei um vago desinteresse pelo Agostinho, mas também poderá ser exagero meu por tanto querer. FIM DE QUARTA-FEIRA.



A estante não é de cerejeira, e quem interpelei não se recordava, talvez de nogueira, fabrico inglês, guarda o espólio de Sebastião da Gama, na Casa-Memória recentemente inaugurada. Dito assim, e não sei porque fechei a mão, como quem guarda um segredo para si, nem parece que foi dia de comunhão.




As fitas e a fita que marcam o percurso terreno, e que me comovem como relíquias de um homem bom. Por fim a sugestão que não fiz no momento: folhas, postais, o que quer que seja com poemas, que permita a apropriação do poeta pelos visitantes, potenciais leitores, apreciadores, divulgadores.

Na replicação da vida sempre acontecem surpresas, a mera substituição apenas permite que o indivíduo cumpra o seu desígnio para o fim comum.




Almoçando, a minha atenção foi desviada para a mesa contígua onde se falava francês. Um rosto português que conhecia de algum lugar, o outro seria francês pelo sotaque, conversavam, mas a dado momento apercebi-me que existia uma alternância inesperada e fluida entre estas duas língua, nem sempre sequencial, trocando até de língua materna. Por vezes o falante francófono também utilizava o castelhano, como que um bailado de línguas. Existia plácido entendimento entre ambos, lindo de se ver e escutar.  A dado momento o falante francófono, exprimindo-se em português, disse:

Quando divides sempre há problemas... o que sobra, o que resta...

No dia seguinte veio-me à memória, era o apresentador / autor do programa Fotobox na RTP, estava encontrado o Luiz Carvalho. Ainda especulei sobre o outro interlocutor, talvez enólogo na Quinta da Bacalhôa, mas sem resultado. FIM DE QUINTA-FEIRA.

Outro habitué de Sesimbra foi João dos Santos, AQUI evocado pelo seu amigo Agostinho da Silva, e nos testemunhos recolhidos neste DOCUMENTÁRIO.

Nos cafés de estrada, Cubano é a marca mais publicitada, não conhecia, descobri depois que pertence ao Grupo Nabeiro. Não tenho opinião quanto ao paladar, porque não gosto de café, mas fiquei a conhecer as outras marcas.

Três dias que não passaram rápido, preenchidos e tão diferentes do que faço no dia a dia, sem noção do dia da semana, apenas o compromisso de tomar o pequeno-almoço às 8h30. Plena fruição que contrasta com "o que andas a fazer?"

sábado, 31 de julho de 2021

Deixei cair a MINOX...

Esquecida num banco de táxi, não sei que segredos capturou. Chegou-me sem rolo e sem energia, na primeira metade de 1999, e guardada ficou, à espera de mais descobrir.


Procurei saber como funcionava, e foi fácil:


É das primeiras da sua série, ano de 1981, o modelo mais fabricado.


Mas bastou um fatal descuido para ficar neste estado:


Onze dias e vinte e dois anos, a contar do carimbo da carta. É obra!...

terça-feira, 27 de julho de 2021

Palavras maternas.

 Ouço-as da boca de minha mãe, com a espontaneidade e sobriedade de uma pessoa simples. A palavra basta-se a si própria, sem mais explicações ou interpretações.

Nos seus 78 anos continua presente um mundo encantado e ingénuo, a sua aldeia do Pé da Serra, na freguesia de Amêndoa, mas sem amendoeiras, mistério, concelho de Mação, mas sem pedreiros-livres, outro mistério, distrito de Santarém, embora fosse o contraforte da antiga província da Beira Baixa: é aqui que a planície do Tejo começa a enrugar, perdoem-me os geólogos. Viu pela primeira vez o mar, e o comboio, quando casou e veio morar para Lisboa, já lá vão 55 anos.

Registo de santos que se encontrava na travessa da Cruz da Era, em Benfica.


Acalentava este projeto à muito tempo, pensei até no formato dicionário, e tinha a palavra de abertura, a misteriosa ABREGOUTAR, que nunca encontrei em qualquer dicionário, é a minha palavra teste, mas hoje ouvi o que se segue na primeira linha da lista, e deu-me vontade de começar, renegando a ordem alfabética, no dia de São Pantaleão, da boca de minha mãe:

  1. O que eles querem é grandes REGUEIFADAS; [2021-07-27]
  2. Procurar um local para se ABREGOUTAR da chuva;
  3. O MOQUENCAS, que de parvo não tinha nada, dizia: ó Elias, no nascer e no morrer somos todos iguais, somos todos iguais;
  4. Atrai como um AZOUGUE;
  5. O raio dos CACHOPOS só querem é brincadeira;
  6. Parece que tem PEZUNHO nos pés;
  7. Este saiu-me um bom FIGURÃO;
  8. Quem me dera agora comer SEMENEITA feita pela minha avó;
  9. Parece que tem a boca cheia de MEXUDA;
  10. És cá uma AZEMBOLA;
  11. O meu avô caiu d uma BARROCA abaixo;
  12. Não estejas a CAÇOAR;
  13. É FINO como um RETRÓS;
  14. Um chá de LIMONEZA; [infusão de lúcia-lima]
  15. Não queria mais nada, o FEDELHO;
  16. Fulano é um TEIGO; [vaidoso e arrogante]

[CONTINUA... continuo atento ao que a Laura vai falando]


P.S.
Prometido fica os Provérbios maternos, e o primeiro será o surpreendente: Quem tiver de morrer num palheiro com a cabeça vai abrir a porta, que nunca encontrei referenciado.

domingo, 25 de julho de 2021

Rascunho de epitáfio.

Dans l'Abbaye de Villers à la recherche de trésor.
Galapiats pour toujours...

Cavalheiro de linhagem e exemplo,
A título póstumo se assim o entenderem.
A título póstumo se por bem o merecer.
A título póstumo se o tempo o entender/confirmar.

Se não fossem os livros
Teria vivido muito menos.

O podia ser é arrependimento,
O tempo é o presente.




Mal menor ou bem maior
Rascunho de melancolia.

segunda-feira, 14 de junho de 2021

Sebastião e Sofia...

Para a Sofia,
que chegou à Gramática Portuguesa
e onde estava – feminino: poetisa
escreveu: feminino: Poeta.
Arrábida, 10.04.1949
[AQUI]


O Sebastião anda comigo, volta não volta perscruto na internet, e vou juntando as minhas conchinhas. Esta é mais uma.

Recentemente perdi a oportunidade de comprar o seu primeiro livro, com dedicatória manuscrita pela sua mão.

Descuidado do próprio interesse e ingenuamente entregue à vida espontânea e imprevidente [plagiando Vitorino Nemésio], vou-me desbaratando. Fica o apontamento.

No tempo em que o esse não era um meando, mas sim um anzol...



Nem sei o que afirmo, nem onde me firmar.
Mais perdido não posso estar.
Fetiches!

domingo, 30 de maio de 2021

Colherzinha de plástico...

Depois de comido o gelado,



Passeando pelo jardim,

Em dia de ventania.

Que fique assente os meus pecados.

terça-feira, 18 de maio de 2021

Pregão de melancolia...



Lindo e triste o que ouço
Só se dá por isso
Quando já não se é moço

quinta-feira, 13 de maio de 2021

Por mais voltas que dê...

Deixo-me levar, e não sei
Acontece-me ficar assim encantado
Com a beleza a meus olhos
Crédulo e sem respostas
Permanente estar a tempo
Que se esvai

Tanto de nada.
Sou assim, e pago o preço.

Colhida para Ti,
O que não faria
A orquídea
em
pirâmide

Eis o cálice...

domingo, 2 de maio de 2021

Discorrendo.

Nas duas existe imprecisão, na fronteira bem humana em que a impercetível deriva diária causa mais afastamento do que o movimento brusco. O desleixo causa mais dano do que a fúria, corrói. Talvez nas Cartas de Santa Clara consiga chegar ao que ouvi ontem.



Podar é balancear, não basta olhar para o ramo seco, também o vivo poderá ter de ser cortado, para que outros ganhem renovado vigor. É como o ditado: há chuva que seca e sol que rega. fruto que atesta a justeza do trabalho.


Seja a causa ou o protetor, parábola ou prática de gestão [“Alexandre, a nossa querida companhia está a perder agressividade”], o fio condutor é o mesmo:  que haja um pouco para todos, e que ninguém se perca em demasia.


O caminho [da vida] fica mais fácil com marcação, por pouca que seja, ou até mesmo impercetível [quando está mas não se quer / consegue ver], especialmente em dias de má visibilidade. Penso que a resposta ao Eugénio Lisboa passa por aqui: a cultura como fenómeno evolutivo coletivo [redundância pois o evolutivo pressupõe o coletivo, não há evolução sem o coletivo, pois um só não se reproduz], não existe para o individuo, condiciona-o e desenvolve-se com o sucesso do seu grupo.

Da beleza perdida / escondida à beleza esclarecida, qualquer que seja o caminho, desde que esclarecido.


Houve uma parte interessante, que me deu um conhecimento da vida enorme, enorme, enorme. Ter trabalhado como operário no turno da noite. Seis semanas. E trabalhei como vendedor cinco meses. Levantava-me às cinco da manhã e deita-me às dez, onze. Vendia, entregava e carregava uma tonelada de margarina por dia. Com os vendedores, aprendi os truques todos. [AQUI]
Uma lição de vida, de conduta. É a única coisa que me interessa deixar. O resto é um património que têm de cuidar, para o qual outras pessoas contribuíram. Meu é aquilo que penso, aquilo de que gosto, aquilo que defendo e que espero que topem. E que tenham respeito pelas pessoas. Só me irrito verdadeiramente quando não há respeito pelas pessoas. [AQUI]

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Post scriptum

O ponto de partida desta mensagem foi o que ouvi na missa por intensão de meu pai, no Dia de S. José Operário, Igreja Alto do Lumiar – Paróquia da Nossa Senhora do Carmo. O Mosaico completou-se com as entrevistas ao empresário Alexandre Soares dos Santos, pelo qual o meu pai tinha consideração, árvores que encontrei pelo caminho [choupo-negro], e um pendente que tenho por resolver, tanto mais que é questão sobre a qual ocupo ociosamente o meu tempo: o que é a cultura?... para que serve foi a questão colateral colocada por Eugénio Lisboa, que me traz à memória Rubens Borba de Moraes: Para que servem livros antigos?... Para que serve a poesia?...
Velhos cavalheiros.

domingo, 25 de abril de 2021

A imagem perdida...

 O toco entretanto já se dissolveu, mas quando o fotografei fui interpelado por um velhote de sotaque estrangeiro, para lhe mostrar o que tinha acabado de fotografar. Tocamos palavras breves, já não me recordo ao certo, mas adorou, eu também, assim com esta facilidade e exagero, tanto assim que foi parar à parede da cozinha [é um lugar especial porque nele se começa o dia].

Voltei uns tempos mais tarde, mas entretanto mudara a luz, o verde, as rugas do tempo. Depois foi a avaria no disco rígido onde esta foto se encontrava, e o que escapou foi o papel hoje digitalizado, removido da parede, porque as ando a limpar para depois pintar, assim tudo tão prosaico, tão lindo.

O papel vai ficar guardado, religiosamente, assim com esta facilidade e exagero.

Perdida duas vezes, teimosamente reencontrada.

quarta-feira, 21 de abril de 2021

Despojos.

A primavera é a mais fugaz das estações, nela a vida ganha garras, sente-se o prelo da reprodução. É um quarto de tempo fervilhante com todos os inícios. Não há semanas iguais: pare, escute, olhe, cheire, toque. É o abrir do meu Abril [sem maiúscula é um desconsolo].

Foram as únicas que fotografei, numa obstinação: parei, fotografei com pressa, e à falta de luz acresceu a sombra de um edifício que cortou o entardecer. Só dei pelos botões depois [a salvação desta foto foi puramente casual].


Mas não podemos adiar o momento certo, a pulsão, senão...


Vem o tempo seguinte...


O da natureza-morta.


Espreitando um recomeço.

Amanhã é o Dia do Nosso PPA, mas hoje, o meu, quero-o despojado.

sexta-feira, 9 de abril de 2021

Abrindo e espalhando...

em campo estéril


que não se adivinha


que não se quer


que não se sabe


que não vai a lado nenhum


sem fim.

[blow-up]

domingo, 4 de abril de 2021

Atlas.

Mapa 1


Mapa 2

Mapa 3


Mapa 4


Mapa 5


Mapa 6


Mapa 7


Domingo de Páscoa de 2021: descobri, aportei e embrenhei-me, na corrente.

Precisa de nome.


Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver do Universo...
Por isso a minha aldeia é tão grande como outra terra qualquer,
Porque eu sou do tamanho do que vejo
E não do tamanho da minha altura...

Nas cidades a vida é mais pequena
Que aqui na minha casa no cimo deste outeiro.
Na cidade as grandes casas fecham a vista à chave,
Escondem o horizonte, empurram o nosso olhar para longe de todo o céu,
Tornam-nos pequenos porque nos tiram o que os nossos olhos nos podem dar,
E tornam-nos pobres porque a nossa única riqueza é ver.

“O Guardador de Rebanhos”. In Poemas de Alberto Caeiro. Fernando Pessoa. [AQUI]