Nas duas existe imprecisão, na fronteira bem humana em que a impercetível deriva diária causa mais afastamento do que o movimento brusco. O desleixo causa mais dano do que a fúria, corrói. Talvez nas Cartas de Santa Clara consiga chegar ao que ouvi ontem.
O caminho [da vida] fica mais fácil com marcação, por pouca que seja, ou até mesmo impercetível [quando está mas não se quer / consegue ver], especialmente em dias de má visibilidade. Penso que a resposta ao Eugénio Lisboa passa por aqui: a cultura como fenómeno evolutivo coletivo [redundância pois o evolutivo pressupõe o coletivo, não há evolução sem o coletivo, pois um só não se reproduz], não existe para o individuo, condiciona-o e desenvolve-se com o sucesso do seu grupo.
Da beleza perdida / escondida à beleza esclarecida, qualquer que seja o caminho, desde que esclarecido.
Houve uma parte interessante, que me deu um conhecimento da vida enorme, enorme, enorme. Ter trabalhado como operário no turno da noite. Seis semanas. E trabalhei como vendedor cinco meses. Levantava-me às cinco da manhã e deita-me às dez, onze. Vendia, entregava e carregava uma tonelada de margarina por dia. Com os vendedores, aprendi os truques todos. [AQUI]
Uma lição de vida, de conduta. É a única coisa que me interessa deixar. O resto é um património que têm de cuidar, para o qual outras pessoas contribuíram. Meu é aquilo que penso, aquilo de que gosto, aquilo que defendo e que espero que topem. E que tenham respeito pelas pessoas. Só me irrito verdadeiramente quando não há respeito pelas pessoas. [AQUI]
Post scriptum
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