sábado, 29 de fevereiro de 2020

De postilhão a sigla.

Em 500 anos de Correios em Portugal, que se comemoram este ano, a minha infância está na janela deste selo, e com ela a memória do cavaleiro [só agora soube que se chama postilhão], e do Zé carteiro a assobiar [o carteiro do assobio], que já chegou aos oitentas, continua a morar na Brandoa, e recentemente nos visitou: mantém o seu tossir característico, talvez um tique, boa disposição, apesar de já ter tido um AVC, a falar alto, e no passado gostava do seu copinho. Diligente e falador, esmerava-se na entrega do correio, sem falhas. Era assim.


Imagem do selo, e restantes da série, AQUI.

Pelas ruas também se encontravam estas placas anunciando a venda de selos. A papelaria onde estava, na Rua dos Arneiros, já não existe. Fotografei-a no dia 24 de março de 2017, é que sempre tive uma atração por este boneco.


N38.753220,W9.200720
Copiar as coordenadas acima para o Google Maps, e encontrar o local.

O novo, à data, emblema dos CTT foi adoptado pela Portaria n.º 14549, de 23 de setembro de 1953, que podem consultar AQUI.


O antes e o depois encontra-se nesta pagela, com série e bloco dos 500 Anos do Correio, mas não fica por AQUI. O logótipo actual, evolução estilizada tipo personagem do Marvel Universe, vai desaparecer do serviço postal universal este ano.


Imagem retirada da página 2 do Manual de Normas Gráficas CTT, AQUI.

De postilhão a trote, fardado, embocando buzina e carta na mão, a mensageiro a galope, quase centauro, tocando trombeta, sem carta na mão, os Correios passam «a usar apenas a designação CTT com várias cores e fundos na comunicação comercial com os clientes. Já o logótipo tradicional, com o cavalo, será apenas usado ao nível institucional e na área da filatelia.» [AQUI]

Resta o logótico sigla:


O emblema [logótipo] foi criado pelo mestre Jaime Martins Barata, presente no quotidiano de todos os portugueses, na segunda metade do século XX, sem que o soubessem. Descubra-o AQUI e AQUI. Mas a OBRA é vasta e de valor, e este, o valor, não é só no que fez materialmente, eclético, o fazer bem feito, nas suas palavras: o que merece ser feito, merece ser bem feito, mas também «por ter chamado a colaborar nas emissões postais muitos dos nossos melhores Artistas modernos, na intenção de dar a conhecer nos nossos selos as variadas tendências actuais da Arte portuguesa.»  [AQUI]

O «mestre filatélico que faz a distinção entre os responsáveis pela gravação e impressão de um selo e o criador desse selo [...], o homem que traz ao selo a grande qualidade dos artistas portugueses, dignificando essa atividade e transportando a filatelia portuguesa para um patamar internacional e que ainda hoje podemos apreciar.» in Catálogo da exposição "Arte e Vida do Selo, a criação filatélica da família Roque Gameiro-Martins Barata", página 30, Amadora, 2019.


Capa do catálogo da exposição retrospectiva da obra do pintor Martins Barata, que aconteceu no Palácio Galveias em junho/julho de 1988. [não visitei, comprei muito mais tarde o catálogo, atraído pela imagem da capa]

Era filho da nossa conterrânea, Antónia de Jesus Martins, natural de Envendos, no concelho de Mação, retratada AQUI.


CTT celebram 500 anos de Correio com nova identidade visual, AQUI.


----------------------------------
Post scriptum

1 comentário:

  1. Portugal, como de toda a Europa, prima por sua história.
    Portugal história em cada recanto.
    Este recorte histórico é uma reliquia.
    Obrigado por tão luminosa idéia de me repassar.
    Um abraço

    ResponderEliminar