domingo, 13 de novembro de 2016

Atão Antão?!... não é dragão?

Estamos no final do ano das comemorações dos 500 anos da morte do pintor Hieronymus Bosch, o Bosch, el Bosco (vem de bosque).

As grandes exposições na Holanda e em Espanha, onde nasceu e onde se encontra a maioria da sua obra que lhe sobreviveu,  já ocorreram, e não fui a nenhuma delas. Tal fato é tão somente a constatação do meu fracasso.

Em ambas houve catálogos, e BD (comic strips), e por aqui ando na (re)descoberta (e tudo começou AQUI):



Existe um Bosch por perto, no MNAA, é dele que me socorro. A folha de sala ajuda, até se refere ao Damião de Góis, retratado por Dürer e amigo de Erasmusque o teria comprado e oferecido, mas tudo não passa de desencontros e suposições, afinal o tema das tentações de Santo Antão teria sido um dos que mais pintou... a tentação e a solidão do homem justo perante o mal.

O Dr. Meyrelles do Souto dá-nos a sua descrição do tríptico, num livro que tem a minha idade, e cujas páginas coloco ao vosso dispor AQUI. Fazer a sua leitura perto do tríptico é o meu repto, e assim começa a descoberta de um deslumbramento: tanta coisa estranha e sem sentido, aos olhos de hoje, mas os olhos de Bosch são profundamente católicos... e atão Antão?

O dragão do pecado, que o autor anterior descobriu numa singular escultura na praça principal de Klagenfurt, e que também nos remete para o universo boschiano, é mais um dos acasos em que deliciosamente vou tropeçando, e que partilho convosco. A estátua renascentista teve por modelo um crânio fossilizado, que se pensou ser de um dragão, mas que hoje sabemos ser de um rinoceronte (podem ler a estória AQUI). Uma reconstituição paleontológica acidental e primordial.

Quis ver o aspeto da besta e encontrei estes postais (estou em vias de ter mais, encantado com este dragão):




Mas em verdade não me fico por aqui sem referir a polémica despoletada pelo Bosch Research and Conservation Project: há por aí Bosch's que não são Bosch... AQUI.

O que parece pode não ser, e o que não parece, de tão estranho e deformado, afinal é, mesmo passados cinco séculos.

Atão Antão?!... é dragão...
Atão Antão?!... lá vai dragão.


O meu papel de parede no computador. Gravura de Julio Ruelas.

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