domingo, 2 de agosto de 2015

O meu culto do chá.

É o momento, de preparar e beber, a pausa, a cadência, não cronometrada, interiorizada, o início ou o fim (do dia), uma certa noção de equilíbrio, acompanhado de pensamentos, palavras, cumplicidades,... sem pressa. No meu caso bastam 20 minutos para tudo isto.

Começa com a escolha do chá, preto ou verde, o resto são infusões, não são chá. Ambos da mesma planta, camellia sinensis, diferem apenas no processo de secagem das folhas (oxidação).





Os meus preferidos estão na imagem, bem como os utensílios que uso. Chá verde por enquanto só o "híbrido" Lemon Macaroon da Lipton, em saqueta piramidal (por isso não está na foto), e ao final do dia.

Como escolho?... no começo do dia o "rafeiro" Lipton ou o ambarino Ceylon, quase sempre a escolha é entre os dois, mas por vezes apetece-me o No. 1, um mitigado Earl Grey, que por vezes também apetece ao final do dia.






A água, parte importante desta relação, deve ser escolhida e tratada com esmero, Luso e Evian são as minhas preferidas, e nunca as deixo ferver. Quando começa um impercetível libertar de vapor, a fazer bolinhas, sem deixar "rosnar", está no tempo de apagar o lume e colocar o saquinho, uma invenção norte-americana, é aqui que o meu lado prático se sobrepõe a tudo o resto (também sou assim). A imersão deste dura cerca de 3 minutos, a cor âmbar vai-se definindo, intervalada por duas a três espreitadelas.





Vertido para a chávena, confirma-se a cor, o cheiro não muito intenso, e o açúcar fica por último. Uma colherinha só na primeira chávena, das duas feitas com o mesmo saquinho. Sabe-me melhor começar com um leve doce, e depois ficar só com o sabor do chá.





Ambas são temperadas com leite, fica "veludo" (não adstringente) no paladar, e a cor "aconchegante" (a superfície serena), e está pronto o presente (momento) que sorvo.





Tudo é feito por "cabotagem", a tentativa e erro que afina cor e paladar. Também gosto de cheirar o resultado final, uma a duas vezes por chávena.

Ainda não consigo preparar para ficar calmo, faço porque estou calmo, ou porque estou cansado, em que já não penso em nada, e fico só num esforço mínimo que me garante no final desfrutar e aconchegar... tão bom!... deixo de estar prostrado, a caminho do iluminado?... não creio, é apenas a rima, o brincar com as palavras. O meu culto do chá é assim, adjetivo e não nome.

----------------------------------
P.S. 



2 comentários:

  1. A informação
    Dá-me a ciência
    da necessidade da consciência
    do chá, que sempre me causou
    indiferença pela perspectiva
    de ser o chá, a intragável
    necessidade de ser.

    O chá, a chávena,
    A química do amor,
    Mistura... mistura...
    Da química da dor.

    É a quimica que tráz
    À tarde da mão
    Que faz,
    O chá do amor e da paixão.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Romântico e poético, cauteloso.....sui gêneris
      Gostei bastante de tudo o que li e vi

      Eliminar