quinta-feira, 21 de abril de 2022

Caminho [substantivo].



Fui coisa nenhuma
Tenho coisa alguma
Traço de virtude
Beleza aferindo
Contraexemplo de viver


P.S. "Mais um, menos um": em jeito de aforismo, na boca de Rose.

terça-feira, 19 de abril de 2022

Tapete.



Ao vago padrão
Aprecei-lhe o nome
Faltou-me experimentar a ideia...


P.S. Para a Sandra que tão bem vê.

sábado, 16 de abril de 2022

Altar...





Contemplado, rugia, a baforada gordurosa e salina, o cheiro forte a iodo, o imaginado manto branco que não caíu em mim...

Que pena não sentir o corpo frio e molhado,
Trono de mar bravo.

sexta-feira, 15 de abril de 2022

Sexta-feira.





Papoilas à espreita: saída do IC19 para a Amadora, sentido Lisboa-Sintra.

Sentia-lhe a falta, tardava a encontrá-las, e hoje foi o dia, premeditado.

Provavelmente os ritos agrícolas encontraram na papoila uma representação ideal do ciclo nascimento – morte – renascimento, reflectindo as propriedades da papoila como indutor do sono e da morte mas simultaneamente como planta cultivável e de uso alimentar, que seguia os ciclos normais da agricultura (Outono – morte; Inverno – sementes no campo; Primavera – nascimento de uma nova planta, renascimento. [AQUI, página 587]

Para a etimologia da forma portuguesa papoila, é indicada como fonte provável, o moçárabe habapáura, derivado do latim papāvĕrem. [AQUI, página 28]

[...] 

E também esta história:

La apapoula cumo era guapa, dezie-le al trigo: Mira, cumo sou bien guapa, mil amigo. Berde i biçosa sou mais guapa qu’ua rosa. Mas nisto passala l labrador, l trigo anchie-lo d’afagos i a l’apapoula cortába-le la flor. Filhos, ye buono tener fermosura, mas ser baidosa nun tem bintura.




A cor da promessa de ressurreição após a morte.

domingo, 3 de abril de 2022

Nocturno.

O silêncio com penumbra permite-me ouvir e ver outras coisas, poderei até dizer, pensando melhor, que presto atenção ao que estava abafado, escondido pelo "ruído", o arroubo da subtileza.


A metáfora do som atravessa o efeito luz, a perda da cor, o esvair do verde pelo pecíolo, a folha de papel pardo, apesar do início da primavera: sempre caem folhas, poucas, em início de novo ciclo.


Talvez ecos, saudades do outono, em meu outono: um conto da Beatrix e água morna a confortoO quanto há de circunstância, ou de inventado, no meu queria ser.



Post scriptum:

«Por uma questão de simetria, intuímos a necessidade de uma nova frase que descreva a variação espacial tipo “divergência” do campo magnético. Poderá parecer estranho que falemos de simetria, beleza ou arte no contexto das leis da Física, mas são efectivamente argumentos de simetria que estão na base de todo o modelo standard [7].»
[Procurem AQUI, a partir da página 28]

«Sim, este renascimento está nas mãos de todos nós. É da nossa responsabilidade que o Ocidente produza anti-Alexandres que deveriam renovar o nó górdio da civilização, cortado pela força da espada. Para isso, nós devemos assumir todos os riscos e as tarefas da liberdade. Não se trata de saber se, perseguindo a justiça, nós conseguiremos preservar a liberdade. É essencial saber que, sem a liberdade, nós não conseguiremos realizar coisa alguma, e que perderemos tanto a justiça do futuro quanto a beleza do passado. A liberdade por si só retira os homens de seu isolamento; a servidão domina uma multidão de solidões. E a arte, por virtude dessa essência livre que vim tentando definir, une o que quer que a tirania separe. Não é de se surpreender, então, que a arte seja o inimigo marcado de toda forma de opressão.»
[Procurem AQUI, a partir da página 14]

Nocturno versus noturno: a perda do som, a perda da raiz.