Na fase de existência plana tudo é presente, ou pelo menos a profundidade do passado passa despercebida. Estão todos lá, vivos, os familiares, os amigos e conhecidos, o espaço não se altera, o mundo não se altera (nem damos por ele). Os acontecimentos presentes ofuscam, não existe passado, ou se existe está perto, é o domínio do plano.
Com o tempo (de vida) as páginas do nosso livro vão aumentando, a tridimensionalidade vai-se sobrepondo/impondo, perdemos/ganhamos pessoas, coisas, movimentamo-nos nesse espaço (de memória e físico). Passa a existir termo de comparação, o balanço do deve e haver, um certo desfrutar que nos é oferecido, basta estar atento. Por exemplo, as estações do ano, durante muito tempo só existia verão, só o verão contava, agora não vejo, não sinto, não penso assim. Estão as quatro presentes, continuo a gostar do verão, mas a doce primavera descendente (outono), ou a ascendente primavera, moldam o meu relevo temporal, e fazem as minhas delícias. Definitivamente o inverno é que continua na mesma (mesma opinião), mas há sinais de mudança no ar (no meu ar, que dá que pensar :) É a tridimensionalidade ;) Está a pensar num "sinónimo"?
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P.S. Sentado, contemplando, escutando, escrevendo...
Miradouro da Vigia (Sintra), ontem de manhã. Quatro focos de interesse assinalados, de costas voltadas para o quinto. |
lendo...
Revista do Jornal Expresso. |
O TEXTO ultrapassa o sentido dado pelo autor e se aprofunda num momento atemporal (parece paradoxal), mas é assim que entendi.
ResponderEliminarNascer num plano e viver num espaço tridimensional, para um entendimento do que vai na alma do autor.
O autor se esconde no tempo, e se projeta nas páginas do livro da vida que ele próprio criou e se projetou.
Mas essa ausência torna-se visível nas estações que torna o autor visível no tempo que ele criou.
Se és o autor, é preciso que apareças para que no tempo, o tempo se mostre como teu íntimo deseja.
Parabéns.