O livro começa onde os acasos da vida me levam, e se é certo que o ofício da escrita é para mim coisa nova, a São chega-lhe bem, certeira e despojada, com aquela irreverência que lhe conhecemos.
O pulsar da vida vivida está lá (pessoas), aproveita-se muita coisa (ensinamentos), é fruto carnudo, sustento prazeroso que recomendo. Resumindo, gostei e vou comprar o seu primeiro livro (Contrabando). Esta relação mercantil também é importante, e tem o seu lado metafísico (é o custo de oportunidade).
Com a cara do livro (a capa) tenho uma sensação agridoce. Gosto do grafismo das letras, embora difícil de ler, não gosto das cores, e o brinco-de-princesa (a São) provoca-me uma sensação sinistra, na forma como corta as letras e na proximidade do gotejar, fazendo-me lembrar ao mesmo tempo um insecto gigante. Mas não devia ser assim, porque conceptualmente está na corrente do livro, mas na minha cabeça não liga com o que ficou da leitura: optimismo. Ou tudo isto não passa de enganos meus.
Está feito Amélia.
Um forte abraço, de apertar corações (há sempre aqueles que não deixam a humanidade cair).
Carlos
sábado, 31 de maio de 2014
quinta-feira, 29 de maio de 2014
Só para mim.
Cem Poemas Portugueses do Adeus e da Saudade... abri o livro, ao acaso, página 166, Crepuscular... só podia... a Joana fala do nascimento deste poema... Estala de Saudade o Coração... encontrei, página 17; retomando o caminho inicial, página 118, Canção Grata... página 90, Quase... Torga Régio...
Terra de Golgona,
Dente de ouro,
Rosto seráfico,
Dia plúmbeo,
Capela circular,
Fantasmas não há, e se os houver podem ser bons.
Uma charada,
Surreal,
Só para mim.
(Fábula de Veneza ou a Casa de Fataunços)
----------------------------------
P.S. Palavras dispersas são como afloramentos rochosos na minha paisagem interior. Palavras do momento, devaneios que procuram um sentido... o rio já lá está!... Estou a tentar transmutar, ou tudo isto não passa de um grande bluff.
Hoje, em Sintra (e nas aldeias saloias), o dia estava plúmbeo, denso e voluptuoso... brisa que agita levemente as árvores vestidas de novo, num adeus tranquilo e sem dor... lindo.
Terra de Golgona,
Dente de ouro,
Rosto seráfico,
Dia plúmbeo,
Capela circular,
Fantasmas não há, e se os houver podem ser bons.
Uma charada,
Surreal,
Só para mim.
(Fábula de Veneza ou a Casa de Fataunços)
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P.S. Palavras dispersas são como afloramentos rochosos na minha paisagem interior. Palavras do momento, devaneios que procuram um sentido... o rio já lá está!... Estou a tentar transmutar, ou tudo isto não passa de um grande bluff.
Hoje, em Sintra (e nas aldeias saloias), o dia estava plúmbeo, denso e voluptuoso... brisa que agita levemente as árvores vestidas de novo, num adeus tranquilo e sem dor... lindo.
segunda-feira, 26 de maio de 2014
Marmelada da parede.
Foi oferecida marmelada, provavelmente à hora do lanche, a um certo menino que prontamente respondeu: não, quero antes marmelada da parede...! desnorte geral, prontamente esclarecido pelo dedo que apontava para o presunto pendurado na parede (num prego, claro :), perto da chaminé.
O menino de ontem, cavalheiro feito, completa hoje mais uma volta ao Sol, ou seja, mais um prego no dito cujo (só para os entendidos, eu levo 1 de avanço :).
Coisas nossas que não esquecem.
Muitos parabéns e um forte abraço.
----------------------------------
P.S. Curiosidades do marmeleiro e da "marmelade" (não foi o Herman que inventou).
O menino de ontem, cavalheiro feito, completa hoje mais uma volta ao Sol, ou seja, mais um prego no dito cujo (só para os entendidos, eu levo 1 de avanço :).
Coisas nossas que não esquecem.
Muitos parabéns e um forte abraço.
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P.S. Curiosidades do marmeleiro e da "marmelade" (não foi o Herman que inventou).
domingo, 25 de maio de 2014
Outras Sintras (Cintras).
Com S ou com C?... é Alfredo Pinto (Sacavem) que nas suas Cartas de Sintra nos elucida. O sublinhado a verde é meu, digital claro, as folhas de papel continuam imaculadas. Sublinhados?... só o B3 (mistério em aberto).
Passemos agora às Sintras, tenho conhecimento de duas, a primeira na Argélia e a segunda na Roménia.
Bougie, a Sintra argelina, local de exílio de Manuel Teixeira Gomes. É o presidente dandy quem faz a comparação, atentemos nas suas palavras:
Depois vai discorrendo sobre os encantos femininos, e outras derivações (da vida claro), que podem encontrar aqui, um relance muito, muito fugaz do livro de Norberto Lopes sobre Teixeira Gomes.
Podem ver a capa do livro aqui, o meu não tem, quando o comprei estava um pouco maltratado, mas tratei de o encadernar condignamente, agora está forte, lindo de se ver e ler. Os livros também se cuidam.
Béjaïa, nome actual de Bougie (ou Bugia), não esqueceu Teixeira Gomes. Existe uma praça com o seu nome, onde se encontra o seu busto, e o Hotel l'Étoile, local onde viveu os últimos dez anos da sua vida, tem uma placa à entrada relembrando a sua passagem pelo local (quarto n.º 13).
Reparem na ordem de leitura e escrita das datas, consoante o idioma: direita esquerda ou esquerda direita.
A sua caricatura no exílio, e o último retrato, tirado nesse hotel.
Podemos ver nas fotos antigas que se seguem como seria Bougie no tempo de Teixeira Gomes, local aprazível, vistas desafogadas, uma brisa de mar, o Forte Abd-el-Kadero, nome de um herói argelino, o Pico dos Macacos e o seu apêndice, o Cabo Carbon com o seu farol. Não traduzi de propósito, pesquisei no Larousse e não encontrei só a palavra carbon, a tentação seria traduzir para carbono, mas não é, pois a palavra francesa é carbone. Por aqui passa a Cordilheira do Atlas, que vai terminar na Tunísia.
Bougie (Béjaïa) é cidade berbere, palavra para vela, em francês, de cera para iluminar, e as que se fabricavam aqui eram famosas pela sua qualidade (cera de abelha). O nosso Bugio é faro, ilumina, pois é, vem de vela :)
Tudo isto é fantástico, não estive em Bougie , nem conheci Teixeira Gomes, mas os livros e a Internet permitiram construir uma ponte, e assim consegui, conseguimos, viajar no tempo e no espaço. Físicos ou virtuais, ao alcance da mão ou digital. A mão que está sempre presente, a que pega no objecto ou a que clica no rato... e temos nós livros, dicionários, postais ilustrados, fotografias, depois é só montar o puzzle, o roteiro de viagem: texto, imagem, hipertexto. Explorem, cada página que se abre não se esgota no abrir. Tudo na vida não se esgota no abrir, na primeira vez, isso é apenas o começo, há que levantar e sentir a brisa no rosto... sentir no corpo o corpo e o que está fora do corpo.
Conseguem encontrar o Hotel l'Étoile? Vale a pena espreitar para estes quatro postais (um - dois - três - quatro), é uma escolha quase aleatória, dos muitos que existem aqui.
Béjaïa é assim... um encanto :)
Quem pratica pode procurar a geocache Teixeira Gomes PRP7, quem não sabe, ou quer experimentar, é um bom pretexto.
Para terminar, um trabalho académico com referências a Bougie, e o mapa de Piri Reis (famoso e misterioso, que ainda hoje dá azo a muitos devaneios, é assim a natureza humana) onde aparece representada.
E agora a outra...
Sinaia, a Sintra romena, assim aparece designada num artigo da autoria do Professor Victor Buescu, publicado no Jornal de Sintra de 7 de janeiro de 1948. Aqui nasceu, no Castelo de Peles, inaugurado em 1883, o nosso Palácio da Pena é de 1847 e Neuschwanstein de 1892, o Rei Carol II da Roménia, que viria a exilar-se em Portugal (Estoril), onde faleceu. Foi sepultado no Panteão dos Bragança (Mosteiro de S. Vicente de Fora). A sua avó paterna era Antónia de Bragança, filha da rainha D. Maria II. Em 2003 foi transladado para a Roménia.
Aqui ficam as fotos que encontrei, pois ainda não tive a oportunidade de visitar Sinaia.
Mais fotos e postais.
Existem umas famosas placas de chumbo que foram encontradas em Sinaia. Todas as Sintras têm que ter os seus mistérios e lendas.
Para quem estiver interessado em saber mais sobre os romenos, com a particularidade de ter sido escrito para nós, portugueses, por Mircea Eliade, o livro que encontram aqui. O contacto com a língua e a cultura portuguesa aconteceu na Índia, e Camões fascinou-o.
----------------------------------
P.S. Em Portugal temos outras Sintras, a saber: Sabrosa (Sintra do Douro), Figueiró dos Vinhos (Sintra do Norte), Alpedrinha (Sintra da Beira), Rio de Moinhos (Sintra do Ribatejo), Castelo de Vide (Sintra do Alentejo) e Monchique (Sintra do Algarve). As comparações valem o que valem.
Passemos agora às Sintras, tenho conhecimento de duas, a primeira na Argélia e a segunda na Roménia.
Bougie, a Sintra argelina, local de exílio de Manuel Teixeira Gomes. É o presidente dandy quem faz a comparação, atentemos nas suas palavras:
Depois vai discorrendo sobre os encantos femininos, e outras derivações (da vida claro), que podem encontrar aqui, um relance muito, muito fugaz do livro de Norberto Lopes sobre Teixeira Gomes.
Podem ver a capa do livro aqui, o meu não tem, quando o comprei estava um pouco maltratado, mas tratei de o encadernar condignamente, agora está forte, lindo de se ver e ler. Os livros também se cuidam.
Béjaïa, nome actual de Bougie (ou Bugia), não esqueceu Teixeira Gomes. Existe uma praça com o seu nome, onde se encontra o seu busto, e o Hotel l'Étoile, local onde viveu os últimos dez anos da sua vida, tem uma placa à entrada relembrando a sua passagem pelo local (quarto n.º 13).
http://zephyron.blogspot.pt/2008/10/bougie-un-illustre-portugais.html |
http://ahistorianacidade.wordpress.com/2010/12/04/bejaia-cidade-onde-manuel-teixeira-gomes-faleceu/ |
http://automne-en-berberie.blogspot.pt/2013/11/bejaia-port-kabyle.html |
A sua caricatura no exílio, e o último retrato, tirado nesse hotel.
Podemos ver nas fotos antigas que se seguem como seria Bougie no tempo de Teixeira Gomes, local aprazível, vistas desafogadas, uma brisa de mar, o Forte Abd-el-Kadero, nome de um herói argelino, o Pico dos Macacos e o seu apêndice, o Cabo Carbon com o seu farol. Não traduzi de propósito, pesquisei no Larousse e não encontrei só a palavra carbon, a tentação seria traduzir para carbono, mas não é, pois a palavra francesa é carbone. Por aqui passa a Cordilheira do Atlas, que vai terminar na Tunísia.
Bougie (Béjaïa) é cidade berbere, palavra para vela, em francês, de cera para iluminar, e as que se fabricavam aqui eram famosas pela sua qualidade (cera de abelha). O nosso Bugio é faro, ilumina, pois é, vem de vela :)
Tudo isto é fantástico, não estive em Bougie , nem conheci Teixeira Gomes, mas os livros e a Internet permitiram construir uma ponte, e assim consegui, conseguimos, viajar no tempo e no espaço. Físicos ou virtuais, ao alcance da mão ou digital. A mão que está sempre presente, a que pega no objecto ou a que clica no rato... e temos nós livros, dicionários, postais ilustrados, fotografias, depois é só montar o puzzle, o roteiro de viagem: texto, imagem, hipertexto. Explorem, cada página que se abre não se esgota no abrir. Tudo na vida não se esgota no abrir, na primeira vez, isso é apenas o começo, há que levantar e sentir a brisa no rosto... sentir no corpo o corpo e o que está fora do corpo.
http://www.vitaminedz.com/bejaia-ou-bougie-algerie-vue-generale-en-1930/Photos_20155_137710_6_1.html |
http://www.vitaminedz.com/bougie-algerie-vue-generale-prise-du-fort-abd-el-kader/Photos_20155_137060_6_1.html |
Béjaïa é assim... um encanto :)
https://www.flickr.com/photos/tomtalib/11102752914 |
Quem pratica pode procurar a geocache Teixeira Gomes PRP7, quem não sabe, ou quer experimentar, é um bom pretexto.
Para terminar, um trabalho académico com referências a Bougie, e o mapa de Piri Reis (famoso e misterioso, que ainda hoje dá azo a muitos devaneios, é assim a natureza humana) onde aparece representada.
E agora a outra...
Sinaia, a Sintra romena, assim aparece designada num artigo da autoria do Professor Victor Buescu, publicado no Jornal de Sintra de 7 de janeiro de 1948. Aqui nasceu, no Castelo de Peles, inaugurado em 1883, o nosso Palácio da Pena é de 1847 e Neuschwanstein de 1892, o Rei Carol II da Roménia, que viria a exilar-se em Portugal (Estoril), onde faleceu. Foi sepultado no Panteão dos Bragança (Mosteiro de S. Vicente de Fora). A sua avó paterna era Antónia de Bragança, filha da rainha D. Maria II. Em 2003 foi transladado para a Roménia.
Aqui ficam as fotos que encontrei, pois ainda não tive a oportunidade de visitar Sinaia.
http://en.wikipedia.org/wiki/Sinaia |
http://www.romaniatourism.net/where-to-go/mountains/ |
http://photos2see.wordpress.com/2013/05/08/sinaia-town-romania-travel-photography/ |
Mais fotos e postais.
Existem umas famosas placas de chumbo que foram encontradas em Sinaia. Todas as Sintras têm que ter os seus mistérios e lendas.
Para quem estiver interessado em saber mais sobre os romenos, com a particularidade de ter sido escrito para nós, portugueses, por Mircea Eliade, o livro que encontram aqui. O contacto com a língua e a cultura portuguesa aconteceu na Índia, e Camões fascinou-o.
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P.S. Em Portugal temos outras Sintras, a saber: Sabrosa (Sintra do Douro), Figueiró dos Vinhos (Sintra do Norte), Alpedrinha (Sintra da Beira), Rio de Moinhos (Sintra do Ribatejo), Castelo de Vide (Sintra do Alentejo) e Monchique (Sintra do Algarve). As comparações valem o que valem.
sábado, 17 de maio de 2014
A propósito de Turim...
Aqui nasceu e morreu Primo Levi. Escreveu...
Pode ler o resto aqui, bem como outras páginas soltas, sublinhadas a lápis por mim, um livro que faz parte do meu cerne. Também escreveu sobre ciência, de um ângulo inesperado, o que lhe valeu o prémio de melhor livro de ciência jamais escrito, pela Real Academia de Londres, a 19 de outubro de 2006. Pode ler aqui um excerto.
Deixo esta dica para decifrarem o seu epitáfio:
Mas em Turim (Piemonte) também temos o Sudário, a FIAT, e de lá vieram três rainhas portuguesas, a começar pela primeira, D. Mafalda, e a antepenúltima, D. Maria Pia. D. Luís I mandou forrar de seda azul as paredes do seu quarto no Palácio da Ajuda, para combinar com o ruivo dos seus cabelos. Existe uma ligação de 9 séculos entre Portugal e o Piemonte.
E nem a propósito, é inaugurada hoje uma exposição sobre os tesouros da Casa de Saboia no MNAA. Esta exposição também tem uma contrapartida em Itália.
Não fui a Turim, mas gostava muito de ter ido.
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P.S. O futebol é... mas para mim não é.
Capa da primeira edição italiana e da edição portuguesa de 2001. |
Pode ler o resto aqui, bem como outras páginas soltas, sublinhadas a lápis por mim, um livro que faz parte do meu cerne. Também escreveu sobre ciência, de um ângulo inesperado, o que lhe valeu o prémio de melhor livro de ciência jamais escrito, pela Real Academia de Londres, a 19 de outubro de 2006. Pode ler aqui um excerto.
Deixo esta dica para decifrarem o seu epitáfio:
Mas em Turim (Piemonte) também temos o Sudário, a FIAT, e de lá vieram três rainhas portuguesas, a começar pela primeira, D. Mafalda, e a antepenúltima, D. Maria Pia. D. Luís I mandou forrar de seda azul as paredes do seu quarto no Palácio da Ajuda, para combinar com o ruivo dos seus cabelos. Existe uma ligação de 9 séculos entre Portugal e o Piemonte.
Brasão Bragança e Saboia (rainha M. P.) na cozinha do Palácio Nacional de Sintra (interior das chaminés cónicas). |
Não fui a Turim, mas gostava muito de ter ido.
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P.S. O futebol é... mas para mim não é.
Ascensão...
Enquanto espero a abertura do sinal luminoso... elevo-me no olhar e no espírito... fico feliz com este deslumbramento de simplicidade em pleno maio.
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P.S. É uma foto georreferenciada, pode descobrir onde a tirei com a ajuda do Geotag.
terça-feira, 13 de maio de 2014
Urbi et orbi...
Espalhar aos quatro ventos o nosso recato,
O longe que se faz perto,
O calor que refresca,
O que é, o que existe, o que é impossível...
Só tu sabes que é para ti. Sabes?
Isto requer um golpe de asa,
Mas falta-me o engenho.
Emprestai-me uma flor, silvestre,
ou poema que nos toque,
para o nosso cancioneiro...
Largo do Espirito Santo, 2 - 2º
Nem mais, nem menos: tudo tal e qual
o sonho desmedido que mantinhas.
Só não sonharas estas andorinhas
que temos no beiral.
E moramos num largo... E o nome lindo
que o nosso largo tem!
Com isto não contáramos também.
(Éramos dois sonhando e exigindo).
Da nossa casa o Alentejo é verde.
É atirar os olhos: São searas,
são olivais, são hortas... E pensaras
que haviam nossos de ter sede!
E o pão da nossa mesa! E o pucarinho
que nos dá de beber!... E os mil desenhos
da nossa loiça: flores, peixes castanhos,
dois pássaros cantando sobre um ninho...
E o nosso quarto? Agora podes dar-me
teu corpo sem receio ou amargura.
Olha como a Senhora da moldura
sorri à nossa alma e à nossa carne.
Em tudo, ó Companheira,
a nossa casa é bem a nossa casa.
Até nas flores. Até no azinho em brasa
que geme na lareira.
Deus quis. E nós ao sonho erguemos muros,
rasguei janelas eu e tu bordaste
as cortinas. Depois, ó flor na haste,
foi colher-te e ficamos ambos puros.
Puros, Amor - e à espera.
E serenos. Também a nossa casa.
(Há de bater-lhe à porta com a asa
um anjo de sangue e carne verdadeira.
Sebastião da Gama, in "Pelo sonho é que vamos"
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P.S. São trinta e oito voltas ao Sol :)
O longe que se faz perto,
O calor que refresca,
O que é, o que existe, o que é impossível...
Só tu sabes que é para ti. Sabes?
Isto requer um golpe de asa,
Mas falta-me o engenho.
Emprestai-me uma flor, silvestre,
Flor de esteva. |
ou poema que nos toque,
para o nosso cancioneiro...
Largo do Espirito Santo, 2 - 2º
Nem mais, nem menos: tudo tal e qual
o sonho desmedido que mantinhas.
Só não sonharas estas andorinhas
que temos no beiral.
E moramos num largo... E o nome lindo
que o nosso largo tem!
Com isto não contáramos também.
(Éramos dois sonhando e exigindo).
Da nossa casa o Alentejo é verde.
É atirar os olhos: São searas,
são olivais, são hortas... E pensaras
que haviam nossos de ter sede!
E o pão da nossa mesa! E o pucarinho
que nos dá de beber!... E os mil desenhos
da nossa loiça: flores, peixes castanhos,
dois pássaros cantando sobre um ninho...
E o nosso quarto? Agora podes dar-me
teu corpo sem receio ou amargura.
Olha como a Senhora da moldura
sorri à nossa alma e à nossa carne.
Em tudo, ó Companheira,
a nossa casa é bem a nossa casa.
Até nas flores. Até no azinho em brasa
que geme na lareira.
Deus quis. E nós ao sonho erguemos muros,
rasguei janelas eu e tu bordaste
as cortinas. Depois, ó flor na haste,
foi colher-te e ficamos ambos puros.
Puros, Amor - e à espera.
E serenos. Também a nossa casa.
(Há de bater-lhe à porta com a asa
um anjo de sangue e carne verdadeira.
Sebastião da Gama, in "Pelo sonho é que vamos"
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P.S. São trinta e oito voltas ao Sol :)
domingo, 11 de maio de 2014
Je ne suis pas pour le fini. Je suis pour l'infini...
A frase foi dita pelo escultor francês Auguste Préault, a propósito do seu baixo-relevo Massacre.
Não conhecia o escultor, nem a sua obra, tropecei hoje nesta imagem enquanto consultava a História da Arte do Janson, 2.ª edição.
Fica o comentário à obra que aparece no livro.
----------------------------------
P.S. A partilha das imagens dos meus livros, o sublinhar, o dar a conhecer, são uma das essências deste blogue, não estão aqui por acaso, ou preguiça :) Mas foi por acaso que esta mensagem hoje aconteceu :)
De dor, mas sem dor.
De arrebatar dor...
Não conhecia o escultor, nem a sua obra, tropecei hoje nesta imagem enquanto consultava a História da Arte do Janson, 2.ª edição.
Fica o comentário à obra que aparece no livro.
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P.S. A partilha das imagens dos meus livros, o sublinhar, o dar a conhecer, são uma das essências deste blogue, não estão aqui por acaso, ou preguiça :) Mas foi por acaso que esta mensagem hoje aconteceu :)
De dor, mas sem dor.
Igreja de Nossa Senhora do Amparo de Benfica.
Vem esta mensagem a propósito de uma observação do meu amigo Osvaldo, sobre a dimensão da igreja e a importância do local, que ao tempo seria arrabalde de Lisboa.
Eis aqui a informação que recolhi, a começar pela gravura da igreja e lavadeira na Ribeira de Alcântara, e o folheto da comemoração dos 200 anos que te prometi.
A gravura está disponível no blogue Lisboa Desaparecida, da olisipógrafa Marina Tavares Dias, e a notícia original na Hemeroteca Digital (Archivo Pittoresco, Tomo VI, 1863, N.º 14), ou aqui (PDF de melhor qualidade).
Mais informações, com alguma sobreposição, nos seguintes endereços:
Paróquia de Nossa Senhora do Amparo de Benfica
Wikipédia
Blogue Retalhos de Bem-fica
Caro Osvaldo, podemos assim afirmar que existe uma correlação :)
Eis aqui a informação que recolhi, a começar pela gravura da igreja e lavadeira na Ribeira de Alcântara, e o folheto da comemoração dos 200 anos que te prometi.
A gravura está disponível no blogue Lisboa Desaparecida, da olisipógrafa Marina Tavares Dias, e a notícia original na Hemeroteca Digital (Archivo Pittoresco, Tomo VI, 1863, N.º 14), ou aqui (PDF de melhor qualidade).
Mais informações, com alguma sobreposição, nos seguintes endereços:
Paróquia de Nossa Senhora do Amparo de Benfica
Wikipédia
Blogue Retalhos de Bem-fica
Lindas quintas, de gente importante, com igreja condizente (sem ironia).
domingo, 4 de maio de 2014
Autorretrato...
AUTORRETRATO
Aqui (no meu blog) tudo conta, todos os pormenores, tudo mesmo...
Uma porta com janela... Janus...
Este está na minha lista dos 10+... tudo aqui é delicioso, a começar pelo título,
e no interior, vem mesmo a propósito..
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P.S. Onde fica?... Queluz, perto do palácio.
Colo, regaço, vida...
Dar a vida,
No teu regaço,
Trazer ao colo.
É a cara da nossa mãe, mana, esta é a surpresa de que te falei ontem :)
Não te esqueças Gustavinho :)
E para todos vós, alguns já conhecem (Francisca e Samuel) pois é um dos meus poemas preferidos, de um poeta que para mim é mais do que um poeta, é um exemplo de vida, o meu caro Sebastião da Gama.
Pequeno Poema
Quando eu nasci,
ficou tudo como estava,
Nem homens cortaram veias,
nem houve Estrelas a mais...
nem o Sol escureceu,
Somente,
esquecida das dores,
a minha Mãe sorriu e agradeceu.
Quando eu nasci,
não houve nada de novo
senão eu.
As nuvens não se espantaram,
não enlouqueceu ninguém...
P'ra que o dia fosse enorme,
bastava
toda a ternura que olhava
nos olhos de minha Mãe...
No teu regaço,
Trazer ao colo.
É a cara da nossa mãe, mana, esta é a surpresa de que te falei ontem :)
Extraído do livro "O Rasto do Fundador" |
E para todos vós, alguns já conhecem (Francisca e Samuel) pois é um dos meus poemas preferidos, de um poeta que para mim é mais do que um poeta, é um exemplo de vida, o meu caro Sebastião da Gama.
Pequeno Poema
Quando eu nasci,
ficou tudo como estava,
Nem homens cortaram veias,
nem houve Estrelas a mais...
nem o Sol escureceu,
Somente,
esquecida das dores,
a minha Mãe sorriu e agradeceu.
Quando eu nasci,
não houve nada de novo
senão eu.
As nuvens não se espantaram,
não enlouqueceu ninguém...
P'ra que o dia fosse enorme,
bastava
toda a ternura que olhava
nos olhos de minha Mãe...
E para terminar, e para todos todos nós, não esquecer Maria, estamos no mês de Maria, independentemente do vosso credo, dúvidas existenciais, falta ou procura de Fé.
Ave, Maria, cheia de graça,
o Senhor é convosco.
Bendita sois vós entre as mulheres,
e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus.
Santa Maria, Mãe de Deus,
rogai por nós, pecadores,
agora e na hora da nossa morte.
Amém.
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P.S. A imagem de Nossa Senhora do Leite deixa-me sempre espantado :)
quinta-feira, 1 de maio de 2014
Naquele dia aconteceu... Hoje acontece...
O regresso dos encantos de maio, papoilas... lindas, lindas, lindas!!!
Estas, alcantiladas, observam a vida que passa, ruidosa e apressada (aprisionada)...
Experimente fazer o contrário, é tão bom, tão bom, tão bom!!!
Quando era infante, e hoje o dia presta-se a este regresso primordial, gostava (e gosto) muito deste livro
Nunca esqueci duas páginas: a data do meu aniversário, com a referência à descoberta do Brasil,
atualmente comemora-se o Tiradentes, a descoberta "passou" para 22 (fica em aberto para uma próxima), e a página seguinte, da qual não guardei nem data nem nome, mas que nunca esqueci e que se pode resumir em SER PARA BEM PARECER, que me acompanha e transmito. Mais tarde descobri que por vezes não basta ser, tem de parecer.
----------------------------------
P.S. Janeiro geadeiro, fevereiro chuvoso, março escanevoso, abril ventoso, maio remeloso, fazem o ano formoso (Do adagiário de Proença-a-Nova, Beira Baixa).
Estas, alcantiladas, observam a vida que passa, ruidosa e apressada (aprisionada)...
Experimente fazer o contrário, é tão bom, tão bom, tão bom!!!
é para ti :* é para vós :) |
Quando era infante, e hoje o dia presta-se a este regresso primordial, gostava (e gosto) muito deste livro
Nunca esqueci duas páginas: a data do meu aniversário, com a referência à descoberta do Brasil,
atualmente comemora-se o Tiradentes, a descoberta "passou" para 22 (fica em aberto para uma próxima), e a página seguinte, da qual não guardei nem data nem nome, mas que nunca esqueci e que se pode resumir em SER PARA BEM PARECER, que me acompanha e transmito. Mais tarde descobri que por vezes não basta ser, tem de parecer.
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P.S. Janeiro geadeiro, fevereiro chuvoso, março escanevoso, abril ventoso, maio remeloso, fazem o ano formoso (Do adagiário de Proença-a-Nova, Beira Baixa).
Banal, óbvio... coincidências!
Hoje, enquanto lanchava, dei por mim a observar estes dois rótulos, são produtos consumidos cá em casa,
e achei engraçado a coincidência. As diferenças são óbvias... água-leite, verde-azul, São Mamede-Alpes.
Descubra as semelhanças... banal? (vida banal)
e achei engraçado a coincidência. As diferenças são óbvias... água-leite, verde-azul, São Mamede-Alpes.
Descubra as semelhanças... banal? (vida banal)