quinta-feira, 21 de junho de 2018

NADA[S]_MEU[S]_0004_IMPONDERABILIDADE.

IMPONDERABILIDADE

Assaltou-me assim de repente,
A ideia de saltar,
Mas não foi só pensamento,
Pois já tenho as pernas no ar.


2018/06/17 - 15h21m58s


2018/06/17 - 15h24m02s

Mas para encontrar o momento,
Não basta ser rápido a pressionar,
Há que antecipar o enquadramento,
Da imagem a capturar.


2018/06/17 - 15h24m58s

2018/06/17 - 15h23m04s

Visionamos a ilusão,
Do que não sentimos no ar,
Suportamos no chão,
O peso do nosso acordar.


2018/06/17 - 15h24m40s

2018/06/17 - 15h25m50s

Hoje deu-me esta vontade de desencantar quadras básicas: desconcentrei do trabalho e troquei encomendas. As fotografias aconteceram no Cabo da Roca, no passado domingo, em escassos minutos. O pai Carlos puxou pela ideia, o filho Gustavo alinhou nela, e desatámos a saltar, e a nos retratar, revezando-nos na tarefa. Foi tão bom.


Sem hora premeditada, e apenas porque o céu ardente chamou a atenção, aconteceu este acaso do ocaso do Sol, cerca de 5 minutos antes de este se pôr, no dia do Solstício de Verão.


IC19 perto de Queluz.

domingo, 10 de junho de 2018

Cottinelli.

Entrei... depois de tantos anos a olhar de passagem, com desvelo, do lado de fora da antiga Colónia de Férias da CP, na Praia das Maçãs. Inaugurada em 1943, esteve a funcionar como tal até ao verão de 2004.

Tinha vago conhecimento do seu autor, mas a exposição sobre a obra da pintora Helena Roque Gameiro, sua futura concunhada, avivou o meu interesse, não tanto pela obra, mas pela maneira de ser, pelo génio multifacetado, pelo "boneco" dele mesmo e dos amigos Helena e José, numa tentativa bem humorada de acelerar o casamento dos dois, AQUI. O arquiteto José Ângelo Cottinelli Telmo.

Sabia que a CP pretendia vender este património, o valor de referência era dois milhões de euros, e se os tivesse não hesitaria em negociar e tomar posse. Um capricho de sonho.

No antigo refeitório irá abrir uma Loja Amanhecer, e no alpendre de acesso, depois de ter feito referência à sua existência, encontrei a capela. As restantes edificações terão outros usos comerciais/turísticos [fábrica de cerveja artesanal, hostel, etcétera], alugados pelo investidor estrangeiro que comprou a totalidade do imóvel. Apressado, e porque o meu propósito no local era outro, não fotografei. Foi na passada terça-feira, 5 de junho de 2018.


Perspectiva do refeitório, cozinha e recreio coberto, e do pórtico de entrada. Cottinelli Telmo, 1942.
Catálogo da exposição "Os arquitectos são poetas também", página 42.

«Ao mesmo tempo, Cottinelli ia empreender uma pesquisa em torno dos códigos formais capazes de materializar um regionalismo de novo tipo. Em busca de alternativas aos duros blocos de geometria estrita, procurava um modo para fazer conviver as raízes vernáculas com uma modernidade possível, sensata e periférica. A primeira obra onde tal ficou patente terá sido a Colónia de Férias da CP, na Praia das Maçãs (1942, inaug. 1943). O edifício principal era caracterizado pelo extenso telhado que lhe unificava a forma e acentuava o sentido de aderência ao solo. O alpendre do recreio coberto, espaço de transição profundo e sombrio, estabelecia a continuidade entre o edificado e a envolvente natural. As técnicas tradicionais de construção eram usadas de modo expressivo, revelando um especial apreço pela aparência dos materiais naturais e pelas marcas da manufactura. Uma pedra cinzenta de textura rude era usada na caracterização das superfícies, a par dos paramentos de reboco áspero e dos planos de telha.»

João Paulo Martins. "A Arquitectura dos nossos dias". Catálogo da exposição "Os arquitectos são poetas também", páginas 42 e 43. Lisboa: EGEAC, Padrão dos Descobrimentos, 2015.

 E assim ocupei a semana, que não a de trabalho, na pesquisa e leitura de artigos sobre o Cottinelli. Tive ainda um desvio, que poderia ter sido fatal, para o Eduardo Anahory, autor da capa do Guia Oficial da Exposição do Mundo Português. A sua Aiola [de onde vem o nome] na Arrábida, e outros pormenores, quase mudaram o curso, mas o livro da Joana no sábado de tarde, o catálogo da exposição [que não visitei] na manhã de domingo, no Padrão dos Descobrimentos, e a descoberta do seguinte pormenor nas escadarias da entrada, colocaram-me novamente no caminho [só então comecei a pensar escrever o que agora leem].




Mas antes a subida entusiástica ao topo do Padrão, pelas escadas, não só pela vista como pelo propósito: relembrar Cottinelli [o Padrão é de sua autoria].




A corveta NRP Jacinto Cândido (número de amura F476) estava no Tejo, provavelmente por causa das Comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas.


No alto, e apesar do exíguo espaço para tanta gente, ainda consegui ler recatadamente. O que faltava em espaço de suporte, existia em abundância de horizontes [céu, mar e terra].




Fui de seguida ao Cemitério dos Prazeres, onde está sepultado Cottinelli Telmo [esposa e mãe também lá se encontram], para confrontar o pormenor dos sulcos verticais no eretor [ou espelho] dos degraus da escadaria de entrada do Padrão, com o que tenho de memória da sua lápide tumular. Pude verificar o mesmo pormenor dos sulcos verticais na cruz de volumetria paralelepipédica, que tanto quanto pude constatar é única, na sua forma, naquele cemitério. Ou seja, pode existir intencionalidade. Fiquei intrigado.





«E os arquitectos são poetas também!
Negar-lhes esse condão, ou negarem-no alguns
a si proprios, é materializar vilmente o
pensamento, é inferiorizar tudo o que é superior
no homem e que nada tem que ver com os
instintos.»

Cottinelli Telmo [data?]

[O que se encontra escrito na badana azul da capa do citado catálogo da exposição.]

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Post scriptum

  • Fonte do cabeçalho: Cottinelli, AQUI;
  • Documentário: Cottinelli Telmo: uma Vida Interrompida, AQUI.

O lilás do jacarandá espraiado pelo chão do cemitério.

domingo, 3 de junho de 2018

Exercício.

Qual o nome?

O nome científico, na sua universalidade e exatidão, reduz drasticamente a indefinição, sem deixar de ter em atenção, na sua génese, alguma peculiaridade grafada no latim, e a glória de quem a descobriu, arrumando-o num cantinho.

https://identify.plantnet-project.org/

Mas também existe o nome comum, de compleição utilitária, da semelhança ingénua, do díspar contorno cultural, e uso prático.

Há que chegar a um nome, é importante ter um nome, pois concretiza e memoriza.

http://flora-on.pt

Se apenas tenho uma fotografia, e não suspeito sequer do nome, começo por pesquisar na primeira página, categoria Useful plants ou Europa Ocidental; são as mais utilizadas para plantas silvestres, mas nos jardins abunda a pluralidade continental.

Procurar nos resultados apresentados, nomeados, a maior semelhança possível com a nossa imagem de partida, e assim se encontra "a ponta". O aspecto singular da espécie, total ou parcial, facilita o trabalho, mas não é a situação mais vulgar, e os pormenores tendem a gerar uma grande dispersão de resultados, principalmente com folhas e troncos. Por exemplo, uma fotografia tirada na época de floração ajuda muito, porque é um fator de individualização.

Se tiver uma hipótese de nome, ou descrição de pormenores morfológicos ou ambientais, deverei começar pela segunda página, que tem a vantagem acrescida de se referir ao nosso território. 

Podemos cruzar as informações entre as duas bases de dados, por forma a aferir resultados, ou a encontrar resultados não acessíveis na sua consulta isolada. Encontrado um nome ou nomes candidatos, também podemos usar o Google para despistagem, mas cuidado no banalizado uso descuidado.

Passemos a um exemplo:

Espécie fotografada por mim na Serra da Arrábida a 20 de maio de 2018. Esta também é informação relevante para ajudar na identificação e validação. Uma fotografia mais "limpa" também facilita, por EXEMPLO. Tem o meu dedo [literalmente, mas também no trocadilho].

Muito provavelmente será... RESPOSTA.


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Post scriptum [contextu varium]