No caos de enquadrar é ponto de fuga
Na poesia é Pessanha que é Pessoa
Numa imagem de Apollinaire
Perdido
cHUVA confusa na minha cabeça
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ÁGUA MORRENTE
Il pleure dans mon coeur
Comme il pleut sur la ville.
Verlaine
Meus olhos apagados, Vede a água cair.
Das beiras dos telhados,
Cair, sempre cair.
Das beiras dos telhados,
Cair, quase morrer...
Meus olhos apagados,
E cansados de ver.
Meus olhos, afogai-vos
Na vã tristeza ambiente.
Caí e derramai-vos
Como a água morrente
Camilo Pessanha
CHUVA OBLÍQUA
I
Atravessa esta paisagem o meu sonho dum porto infinito
E a cor das flores é transparente de as velas de grandes navios
Que largam do cais arrastando nas águas por sombra
Os vultos ao sol daquelas árvores antigas...
O porto que sonho é sombrio e pálido
E esta paisagem é cheia de sol deste lado...
Mas no meu espírito o sol deste dia é porto sombrio
E os navios que saem do porto são estas árvores ao sol...
Liberto em duplo, abandonei-me da paisagem abaixo...
O vulto do cais é a estrada nítida e calma
Que se levanta e se ergue como um muro,
E os navios passam por dentro dos troncos das árvores
Com uma horizontalidade vertical,
E deixam cair amarras na água pelas folhas uma a uma dentro...
Não sei quem me sonho...
Súbito toda a água do mar do porto é transparente
E vejo no fundo, como uma estampa enorme que lá estivesse desdobrada,
Esta paisagem toda, renque de árvore, estrada a arder em aquele porto,
E a sombra duma nau mais antiga que o porto que passa
Entre o meu sonho do porto e o meu ver esta paisagem
E chega ao pé de mim, e entra por mim dentro,
E passa para o outro lado da minha alma...
Fernando Pessoa
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Guillaume Apollinaire
P.S. Tudo o que ficou para trás é tão só a utilização excessiva que faço das linha obliquas imaginárias no enquadramento fotográfico [é só o que sei] como chuva que cai sempre oblíqua [nem sempre] na cabeça querendo acreditar que é o poema graficado do Pessanha [assim com erros e tudo]... hoje [19 de novembro de 2017] a caminho e no Museu do Oriente.