O olhar, ligeiramente abaixo da minha linha do horizonte, tocou na sua simplicidade: a forma feita de cores e materiais sóbrios... estava na loja Clarks C.C.Colombo. Experimentei por curiosidade, o calçado é prioridade na minha parca indumentária, e estranhei, desgostei o pisar, adorei o arejamento nada claustrofóbico destas botas. Disse que não (nunca) as compraria, a Roberta detestou-as, mas fique a pensar nelas durante a semana.
O calçado é como a nossa voz, nunca sabemos como ela soa nos ouvidos das outras pessoas, o que ouvimos de nós é diferente do que os outros ouvem de nós, explicando, a nossa perspetiva do que calçamos é do alto da nossa verticalidade, essencialmente o peito do pé, e depois o rodar ligeiramente para lhe apreciar o flanco, e o grand finale, o espelho, o que mais se aproxima de como os outros nos veem (quando quero tirar uma dúvida sobre uma pessoa olho para os sapatos), mas primeiro tenho que sentir conforto no pisar, leveza e arejamento, e finalmente gostar do que vejo na vertical, os atacadores que ajustam o sapato ao peito do pé, gáspeas de pele castanha e solas sintéticas (tive uns sapatos de pele de cabra que adorei, o pigmento castanho era de origem natural, extraído do milho, comprei-os em Campina Grande); não gosto de biqueiras afiadas ou quadradas. Se tudo se ajustar perfeito e belo tenho a minha escolha.
Foto do livro "O Gentleman - Livro da Moda Clássica Masculina" de Bernhard Roetzel |
Não estou na foto, mas serve para elucidar um pormenor extremamente importante, a patine que o uso acrescenta ao sapato, uma extensão da personalidade de quem o usa. O sapato é uma segunda pele, está lá tudo, as rugas e as cicatrizes da vida, o aprumo ou o desleixo, os estados de alma de quem os usa.
Voltando ao início, só recordo o pisar das Desert Boot, mas não as apreciei na vertical, nem sequer ao espelho, talvez seja um pretexto, porque tenho pensado nelas, porque tenho de as experimentar de novo. Continuam assim, desengonçadas, como nestes anúncios de outrora (há mais AQUI e AQUI)... lindas?
Voltando ao início, só recordo o pisar das Desert Boot, mas não as apreciei na vertical, nem sequer ao espelho, talvez seja um pretexto, porque tenho pensado nelas, porque tenho de as experimentar de novo. Continuam assim, desengonçadas, como nestes anúncios de outrora (há mais AQUI e AQUI)... lindas?
https://theidleman.com/manual/advice/how-wear-desert-boots/ |
Do que li da sua história ficou-me esta imagem: 'officers swanning around with suede boots and swagger sticks' AQUI.
Botas de Deserto (Desert Boot) é a marca comercial da Clarks, uma variante das botas Chukka.
Atualmente os meus sapatos de trabalho são ESTES.
Foto do livro "O Gentleman - Livro da Moda Clássica Masculina" de Bernhard Roetzel |
Atualmente os meus sapatos de trabalho são ESTES.