ou o espaço das nuvens que passam, ou quase poesia. Isso existe?... [quase] nada. Dádiva desinteressada e desapossada, o que faço aqui é de minha autoria, salvo indicação em contrário. O que me ocupa?
Vem esta mensagem a propósito de um livro acabado de sair e que já não é possível comprar (estive agora a ver na Wook e têm novamente disponível).
Esta situação de racionamento é pretexto para um texto delicioso de Rui Ramos, que podem ler AQUI. Mas que grande embrulhada.
Mas tudo isto começou porque na sinopse do livro referem que "Herberto Helder tem por hábito encadernar os seus livros com papel de embrulho castanho, escrevendo por fora com caneta de feltro vermelha o título e o nome do autor.", o que achei curioso, pois também "embrulho" (forrar a capa do livro) os meus livros, resguardo físico e de um certo pudor, especialmente quando a leitura acontece em locais públicos (é da minha natureza).
Ao longo dos anos utilizei os mais diversos materiais e cores, raramente escrevendo por fora alguma identificação, e quando isso aconteceu preferi o lápis (na falta vai com o que houver). Depois de lido, e na hora de voltar para a estante, o "embrulho" vai para o lixo. Em alguns casos foi mantido, por ser um livro de leitura recorrente, ou porque ainda não foi arrumado, e anda a deambular por casa, ou então é "tijolo" na "torre" que cresce na minha mesa de cabeceira :)
Ficam aqui alguns exemplos de "embrulhos" sobreviventes (as digitalizações foram feitas hoje :)
Reciclado
Colorido
Plástico
Depois de várias experiências, não planeadas e ao acaso, acabei rendido ao papel vegetal. Protege e deixa transparecer, fácil de aplicar, baixo custo (excluindo o reaproveitamento de papel, que tem custo zero).
Por vezes gosto de uma extravagância, relativamente caro, em comparação com todas as outras soluções, dá gozo passear um livro assim "embrulhado" (vaidoso :)
Resumindo, livro nu só na estante :)
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P.S. A "torre" na mesa de cabeceira :)
Tenho em mãos, e em leitura, o trabalho do nosso conterrâneo José Maria Canhoto. Confesso que aguardava ansiosamente, e certamente como muitos de vós, que já têm o livro, trataram logo de ver onde aparecem os vossos nomes e fotos, e depois os círculos familiares e de vizinhança. Porventura uma vista apressada pelos restantes "bonecos" e texto (foi assim cá em casa com os meus pais). Mas o ter e ser do livro não se esgota aqui. Se ficarem por aqui é pouco, digamos que ficam a meio do caminho.
O nosso conterrâneo fez um trabalho cujos primeiros destinatários somos nós, sem preocupações académicas, no entanto isso não significou menor rigor e objetividade na procura e tratamento das fontes histórias, muitas delas transcritas no texto, facilitando o acesso a todos nós, bem como na envolvente sócio-económica, com alguns ténues afloramentos etnográficos, resultado da vivência do autor neste espaço físico (freguesia de Amêndoa, concelho de Mação, distrito de Santarém, antiga província da Beira Baixa).
O título da obra é o esqueleto da mesma, tripartido, que se articula entre si. As duas primeiras partes dão o enquadramento (ONDE e QUANDO), e abrem o caminho para a terceira (QUEM), a qual tem o maior número de páginas, por força das centenas, ou milhares (ainda não os contei), de nomes e datas coligidos. É fácil folhear e procurar um nome, mas quanto trabalho laborioso e meticuloso exigiu, os recursos investidos, e tudo começou em 1978, passaram-se 36 anos!
Certamente existem erros, ficará ao encargo de cada um de nós validar as informações referentes ao nossos familiares (nomes e datas), e caso o erro seja detectado reporta-lo ao autor (tomo a liberdade de o sugerir). Fez o melhor que sabia e podia na apresentação das árvores genealógicas, e fez muito. Sinto falta de uma sistematização bibliográfica: obras e documentos consultados, e os locais e instituições onde se encontram. Parte desta informação encontra-se dispersa ao logo do texto, mas seria oportuno um apêndice bibliográfico no final da obra, até a pensar em trabalhos futuros, que neste se venham a apoiar. É a minha sugestão.
Finalmente, o livro também pode ser visto como um repto a todos nós. O que fazer com o nosso legado, não interessa se é muito ou pouco, rico ou pobre, provavelmente até sem relevância a nível regional ou nacional (o que não creio), mas é o que temos, e se o não fizermos dificilmente estranhos o farão por nós. Há que começar por uma ponta, em coisas simples, que se estão a perder lentamente, especialmente entre os mais novos, como o desfrutar do espaço físico e humano (o que se come, bebe e respira), estórias e história, ou até o arriscar construir uma vida aqui, na nossa terra (ousados precisam-se).
O José Maria Canhoto tem feito a sua parte, na minha modesta opinião o único, em termos de resgatar e preservar a história da nossa Amêndoa, e disso são exemplo os vários artigos que tem escrito no Jornal Voz da Minha Terra. Fica aqui uma amostra de dez artigos.
Para terminar, uma página ao acaso :) Será?
Um grande bem-haja para si, José Maria Canhoto, e um forte abraço,
Carlos (filho da Terra)
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P.S. Fotos de minha autoria, transformadas em papel de parede para o computador. Sinta-se livre de as usar, e da próxima vez que for "à terra" desfrute da terra :)
A foto da Serra do Santo foi tirada na aldeia do Pé da Serra a 4 de outubro de 2009. É a vista da nossa casa :) Provavelmente estarão a olhar para o "umbigo de Portugal".
Por onde começar?... é turbilhão, excitação, riqueza de um homem singular, plural e bom.
Começando pelos mais pequenos, o título do livrinho (carinhoso o diminutivo meu) sobre o Agostinho:
Dos vários que tenho escolhi dois. Duas capas com imagens marcantes e que balizam o segmento de vida. O ir e voltar, o Brasil, e a Paraíba em particular (sublinhado meu).
Rever as "Conversas Vadias" (foi aqui que conheci o Agostinho, deslumbrado, eu, como tantos portugueses), ou o documentário "Um pensamento vivo", feito pelo seu neto no centenário do seu nascimento, é um imperativo. É uma "vida consequente" aquela que se revela nos depoimentos daqueles que com ele conviveram (ver o que se passou no início da Universidade de Brasília, está no documentário).
O próximo é o São Pedro :) Acompanhado de quem? Nem eu mesmo ainda sei!
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P.S. Agradeço ao meu amigo Vasco o rosto do Santo António que me deu a conhecer (nosso interesse comum, o exemplo de vida do Santo).
É um trabalho do brasileiro Cicero Moraes, que fez uso de software livre, apresentado em Pádua no passado dia 10 de junho (Dia de Portugal, feliz coincidência). A pré-visualização da nova reconstrução da face do Santo vai estar exposta até 29 junho (Dia de São Pedro).
Aconteceu futebol, um empate no Mundial que torna tudo mais difícil, mas é um jogo, apenas um jogo. Portugal, e a nossa vida, é mais do que um jogo. Apliquemos a nossa energia em fazer mais e melhor, cada um de nós faz um pouco de Portugal. Outros no passado já o fizeram.
Saúde, inteligência e bom senso,
Para levar a vida em frente,
Puxar pelos novos, auxiliar os velhos,
Ser o eixo da roda da vida.
Criar riqueza para distribuir,
Contribuir para a felicidade do nosso semelhante,
E outras formas de vida, em qualquer lugar.
Procurar o caminho da virtude.
Por agora e em construção,
Em jeito de oração (aquilo em que acredito).
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P.S. Não parece mas deu muitas voltas, na minha cabeça, e pelos mais diversos motivos (o Santo e o Renegado).
Na sua escrita, e atualização do blogue, foi utilizado o Puppy Linux, num Magalhães ressuscitado. Substituído o HDD por um cartão SD 16GB (Class 10), 7,80€, e o software zero euros.
É a "economia da filigrana" (expressão minha): fazer muito com pouco. O muito é engenho e imaginação, criando valor. O ouro, ou outro metal, empresta-lhe o brilho e o esqueleto delicado. O Magalhães ficou um mimo :) Acrescentei ainda um rato (8,80€), mas foi uma estravagância, não gosto de trabalhar com o touchpad. A necessidade aguça o engenho.
É nome de livro, que a memória reaviva a 10 de junho. Ler os seus discursos é... experimente... aqui e aqui (ano de 2007).
O João Bénard da Costa era o "homem do cinema", expressão que diz quase tudo, mas não diz nada, quando ficamos só com estas palavras. Ao ler o seu artigo sobre a cidade de Mântua, e o nevoeiro que salta das fotos (Revista Volta ao Mundo - Março 2005), fiquei curioso e comecei a procurar (ir ao encontro de, ser consequente). É puro deleite o que escreve. Infelizmente perdi a revista, mas fica prometida a digitalização e disponibilização no blogue, quando a encontrar.
O dia também é de poesia, ou não fosse dia de Camões. Fiquei na dúvida se deveria escrever este lugar comum, mas cedi perante a memória de um homem que representa a nossa língua, mas que também é o português das venturas de desventuras do seu tempo. Na sua vida, e na vida de tantos portugueses, cabem mais do que uma, são vidas espaçosas, literalmente, e em vários planos. Ainda hoje espalhados pelo mundo.
Procuram-se homens para viagem arriscada, baixos salários, frio intenso, longos meses de completa escuridão, perigo constante, retorno seguro duvidoso, honra e reconhecimento em caso de sucesso.
Ernest Shackleton 4 Burligton st.
O anúncio é apócrifo, nenhuma cópia foi encontrada. Existe uma recompensa de 100 US$ para quem o encontrar. Este é uma recriação do ilustrador John Hyatt.
O mais provável é que alguém o tenha inventado, quem sabe se algum membro da tripulação do Endurance, ironizando com a sua própria situação.
O certo é que a expedição do Endurance foi um fracasso bem sucedido. Liderada por Ernest Shackleton, 27 homens pretendiam atravessar a Antártida, passando pelo Polo Sul, mas não conseguiram. Sobreviveram durante quase dois anos nos mares gelados da Antártida, com episódios dignos de uma epopeia. Regressaram todos vivos.
As minhas leituras sobre o tema, terminando com o clássico Sul (atenção aos pormenores, ler as capas).
O primeiro livro foi também a minha primeira leitura sobre o tema, depois de ter visto um documentário na RTP 2. Fiz um resumo dos pontos importantes deste livro, que releio com alguma regularidade. AQUI!
Também desse livro, o mapa da viagem e a lista dos nomes dos homens que nela participaram.